Grupo da revista Vice declara falência
O grupo poderá ser comprado por 225 milhões de dólares (207 milhões de euros) e vai continuar a operar durante o processo de falência.
O grupo de media Vice, que detém a revista Vice e o site Motherboard, apresentou um pedido de falência nos Estados Unidos e deverá ser vendido a um grupo de credores, anunciou a empresa nesta segunda-feira.
De acordo com a BBC, o grupo — que foi avaliado em 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 5,2 mil milhões de euros, ao câmbio actual) — poderá ser comprado por 225 milhões de dólares (207 milhões de euros) e vai continuar a operar durante o processo de falência.
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, a empresa destacou que "espera emergir como uma empresa financeiramente saudável e mais forte dentro de dois a três meses”.
Lançada em 1994 como uma revista chamada Voice of Montreal por Shane Smith, Gavin McInnes e Suroosh Alvi, a Vice opera actualmente em mais de 30 países tendo como público-alvo a população mais jovem.
O consórcio de credores a quem a empresa deverá ser vendida inclui o Fortress Investment Group, a Monroe Capital e a Soros Fund Management. A longo prazo, segundo a BBC, o objectivo passava por atrair milhões de jovens leitores através das redes sociais como o Facebook e o Instagram e lucrar com as receitas da publicidade online, mas a maior parte das receitas tem ido para gigantes tecnológicos como a Google e a Meta (proprietária do Facebook).
A BBC acrescenta que as receitas da empresa têm-se mantido estáveis há alguns anos, embora com dificuldades em obter lucros. Além disso, os planos para tornar a Vice pública através de uma fusão também falharam.
A Vice Media solicitou a protecção contra a falência ao abrigo do Capítulo 11, um procedimento que adia as obrigações de uma empresa americana para com os seus credores, dando-lhe tempo para reorganizar as suas dívidas ou vender partes do negócio.
"Este processo de venda acelerado e supervisionado pelo tribunal reforçará a empresa e posicionará a Vice para um crescimento a longo prazo”, afirmaram Bruce Dixon e Hozefa Lokhandwala, co-directores executivos da Vice, ao anunciar a declaração de falência.
O comunicado acrescenta, de acordo com o jornal Financial Times, que o acordo salvaguardará "o tipo de jornalismo autêntico e a criação de conteúdos que fazem da Vice uma marca de confiança para os jovens e um parceiro tão valioso para as marcas, agências e plataformas", que a empresa contará no futuro com um novo proprietário e "a capacidade de funcionar sem os passivos herdados que têm vindo a sobrecarregar a actividade”.
Segundo a BBC, os credores da Vice aprovaram o financiamento de 20 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros) para manter a empresa a operar durante o processo de falência. Durante este período, outras empresas podem apresentar propostas "superiores ou melhores”.
A notícia surge depois de o grupo Vice ter anunciado, no mês passado, despedimentos após o encerramento do seu principal programa de televisão e numa altura em que foi anunciada recentemente falência noutras empresas do sector.
O BuzzFeed anunciou recentemente que vai encerrar o seu departamento de notícias e despedir 15% da sua força de trabalho devido a sérios desafios financeiros e a uma quebra nas receitas de publicidade, à semelhança da Vox que também anunciou despedimentos.