No Dia da Vitória contra os nazis, Putin diz-se vítima das “elites ocidentais”

Presidente da Rússia diz que o mundo está perante “um ponto de viragem” e acusa o Ocidente de se ter esquecido do papel da União Soviética na II Guerra Mundial.

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"Foi declarada uma autêntica guerra contra a nossa pátria", disse o Presidente da Rússia Reuters/SPUTNIK
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Num discurso marcado por apelos ao patriotismo dos russos contra o que diz ser "uma autêntica guerra" declarada pelas "elites ocidentais", o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinalou o Dia da Vitória — a data em que o país comemora a capitulação dos nazis na II Guerra Mundial — com o aviso de que o mundo se encontra "num ponto de viragem".

Durante dez minutos, Putin dirigiu-se ao país a partir da Praça Vermelha, em Moscovo, repetindo o discurso oficial que tem acompanhado os 15 meses daquilo a que o Governo russo chama a "operação militar especial" na Ucrânia — a invasão militar do país vizinho, a 24 de Fevereiro de 2022.

"Hoje, a civilização encontra-se mais uma vez perante um ponto de viragem", disse Putin, afirmando que os países ocidentais — os antigos aliados de Moscovo na II Guerra Mundial — "já se esqueceram da vitória da União Soviética sobre a Alemanha Nazi em 1945".

O Dia da Vitória, que marca o dia da capitulação oficial nazi, em Berlim, a 8 de Maio de 1945 (9 de Maio no fuso horário russo), é comemorado na Rússia desde 1991 — e, antes disso, na antiga URSS. Ao mesmo tempo, a Europa e os Estados Unidos marcam o acontecimento, a 8 de Maio, com o Dia da Europa, ou Dia da Vitória na Europa.

"Foi declarada uma autêntica guerra contra a nossa pátria. Já repelimos o terrorismo internacional e vamos proteger os habitantes do Donbass, e iremos garantir a nossa segurança", disse Putin, referindo-se à região do Leste da Ucrânia que foi anexada pelo Kremlin em 2022.

Segundo o Presidente russo, a "operação militar especial" foi uma necessidade perante "a russofobia e o nacionalismo agressivo" que teriam sido "semeados pelas elites ocidentais" na Ucrânia, e que fizeram dos ucranianos "reféns de um golpe de Estado e das ambições do Ocidente".

Durante o discurso, que antecedeu um desfile militar na Praça Vermelha, Putin não fez nenhum comentário sobre os desafios económicos e militares que a Rússia tem enfrentado no último ano por causa da invasão da Ucrânia. E também não houve referências directas à recente onda de ataques no território russo no último mês, incluindo um suposto ataque com drones no Kremlin.

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