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Assim foi o primeiro 1.º de Maio após a revolução, em 1974
Em Lisboa, no Porto, no Barreiro, em Riba D'Ave a primeira festa do Dia do Trabalhador em liberdade, em 1974, fez-se com alegria e muita esperança no futuro. As imagens da Ephemera trazem o retrato completo.
Apenas seis dias após a Revolução dos Cravos, que colocou um termo à ditadura em Portugal, milhares de pessoas saíram novamente para a rua para celebrar, desta feita, o Dia do Trabalhador. De norte a sul, de este a oeste, os portugueses reivindicaram por direitos que, dias antes, consideravam intangíveis: findo o regime fascista, havia espaço para sonhar com "a paz, o pão, habitação, saúde, educação".
Em Lisboa, a festa fez-se, sobretudo, na Avenida da Liberdade, mas tanta era a gente que as manifestações e desfiles se estenderam também a outras ruas e zonas da cidade; no Porto, a multidão concentrou-se na Avenida dos Aliados e em artérias adjacentes. Graças ao arquivo histórico reunido pela associação cultural Ephemera, fundada por José Pacheco Pereira, um conjunto de imagens fotográficas deste dia, realizados por cidadãos anónimos, estão disponíveis para visualização e partilha públicas.
O conjunto de fotografias que descreve o dia 1 de Maio na capital foi adquirido por Pacheco Pereira num leilão. "São cerca de 100 [fotografias] e encontram-se numa caixa com a inscrição de '1.º de Maio reportagem', sem indicação de autoria", escreve na legenda das 40 fotografias do lote que decidiu partilhar no blogue da associação. Os números no canto superior direito, sugere, "devem corresponder à sequência com que foram tiradas."
As imagens que o blogue partilha do mesmo dia no Porto não têm indicação de autoria; o mesmo se passa com as que foram tiradas no Barreiro, cidade do distrito de Setúbal onde está sediada a Ephemera, e Riba D'Ave, a norte, no distrito de Famalicão. É possível constatar, através da observação das imagens, que mesmo em locais afastados dos grandes centros urbanos o 1.º de Maio foi celebrado com entusiasmo, alegria. E até em Paris, França, os portugueses exilados celebraram o 1.º de Maio nas ruas.
O arquivo Ephemera contém, para além da colecção pessoal do historiador e cronista do PÚBLICO Pacheco Pereira, milhares de objectos e documentos doados por terceiros que formam um retrato valioso e singular da história política contemporânea portuguesa. A associação promove, periodicamente, exposições do seu acervo por todo o país.