Prazo para limpar terrenos termina este domingo. Multas vão até 25 mil euros

A partir de 30 de Abril, as câmaras municipais podem substituir os proprietários na limpeza do mato. Os donos dos terrenos são obrigados a permitir o acesso e pagar as despesas da limpeza.

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A Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF) defendeu a prorrogação do prazo para limpeza de terrenos de 30 de Abril para meados de Maio Nuno Alexandre
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O prazo para a limpeza de terrenos florestais termina este domingo e os proprietários em incumprimento arriscam a aplicação de coimas, que podem chegar até aos cinco mil euros para pessoas singulares e até 25 mil euros para pessoas colectivas.

A partir desta data, 30 de Abril, as câmaras municipais podem substituir-se aos proprietários na limpeza do mato, que ficam obrigados a permitir o acesso aos seus terrenos e a pagar as despesas à câmara.

A Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF) defendeu a prorrogação do prazo para limpeza de terrenos de 30 de Abril para meados de Maio, justificando que os trabalhos têm sido prejudicados pelo tempo seco e pelos alertas de risco de incêndio.

Vários municípios afectados por incêndios nos últimos anos disseram que está a ser mais difícil cumprir o prazo para a limpeza de terrenos, devido ao aumento dos preços deste tipo de trabalho, à falta de mão-de-obra e à falta de cadastro para identificação dos proprietários.

Não houve qualquer decisão do Governo para prorrogar esse prazo, tendo o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, feito um "balanço positivo" do esforço que entidades públicas e privados têm feito na limpeza de terrenos e matas, no âmbito da prevenção dos incêndios rurais.

Neste âmbito, a Guarda Nacional Republicana (GNR) começa, a partir de segunda-feira, 1 de Maio, a fase de fiscalização dos trabalhos de limpeza da floresta, contabilizando já a identificação de quase 14 mil locais em risco de incumprimento da limpeza obrigatória de terrenos.

De acordo com o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, decreto-lei n.º 82/2021, o incumprimento dos deveres de gestão de combustível, ou seja, de redução de material vegetal e lenhoso de modo a dificultar a propagação do fogo, através do corte de ervas, arbustos e árvores em algumas áreas, é qualificado com contra-ordenação grave.

As coimas variam entre 500 euros e cinco mil euros, no caso de pessoas singulares, e 2500 euros e 25 mil euros, no caso de pessoas colectivas.

Em resposta à agência Lusa, a GNR indicou que, no âmbito da campanha "Floresta Segura 2023", foram identificados, até 9 de Abril, 13.949 locais em risco de incumprimento da limpeza obrigatória de terrenos, com o objectivo de minimizar os riscos de incêndio em zonas prioritárias, que, de acordo com a lei, deve ser feita até 30 de Abril.

O número deste ano é superior ao de 2022, em que foram identificados 10.989 locais de risco. No mesmo período deste ano, a GNR registou 16 autos de contra-ordenação por queimas e 58 por queimadas de sobrantes não autorizadas, quando em 2022 foram um total de 362 e 123, respectivamente.

Este ano já foram detidas 34 pessoas por incêndio florestal, quando em todo o ano passado foram detidas 72.

Relativamente às contra-ordenações, em 2022 foram 4359 as coimas por incumprimento da limpeza de terrenos florestais, segundo dados da GNR.

Os proprietários de terrenos estão obrigados a proceder à gestão de combustível (limpeza de vegetação) numa faixa de largura não inferior a 50 metros à volta de habitações e outras edificações inseridas em espaços rurais, sendo que no caso de aglomerados populacionais, parques de campismo e zonas industriais, esta faixa de protecção se estende até aos 100 metros.

Em Março deste ano, foi publicada uma lista com 998 freguesias prioritárias, que deverão ter precedência na fiscalização e cumprimento da lei em vigor.

No âmbito dos incêndios rurais, a GNR realçou que a protecção de pessoas e bens é uma das suas prioridades estratégicas, com base na prevenção e no reforço de patrulhamento nas áreas florestais.

"Considerando que a maioria das ocorrências de incêndio se deve ao uso negligente do fogo, a GNR recomenda que nas actividades agro-florestais sejam utilizados métodos alternativos à queima de sobrantes de exploração (por exemplo estilhaçamento e incorporação no solo) para diminuição do risco de incêndio", sublinhou.

A Linha SOS Ambiente e Território (808 200 520), do Serviço da Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, funciona em permanência para a denúncia de infracções ou esclarecimento de dúvidas.