O SWR Metalfest nasceu há 25 anos e Barroselas entrou no mapa dos metaleiros

Até domingo, Barroselas recebe cerca de 2 mil pessoas por dia para assistir a cerca de 40 concertos nos dois palcos do festival que tem um impacto diário na economia local de cerca de 29 mil euros.

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Imagem da 20ª edição do SWR Metalfest PAULO PIMENTA/Arquivo

A vontade nasceu de dois irmãos e o sonho concretizou-se. A 25 de Abril de 1998, dia em que se celebra a liberdade, nasceu o SWR Metalfest, em Barroselas, vila do concelho de Viana do Castelo onde cresceu a dupla que ainda hoje, com a ajuda de muitos militantes que se dedicam a esta empreitada, continua, todos os anos, a montar esta celebração dedicada à face mais extrema da música. Começaram há 25 anos contra alguns olhares de desconfiança dos locais. Hoje, o cenário é bem diferente. Agora, quem lá vive recebe de braços abertos o festival que pôs Barroselas no mapa dos metaleiros. Até domingo, a vila está entregue ao metal e já não há ninguém que estranhe a presença de milhares de forasteiros. O comércio também agradece.

Esta é a primeira edição a realizar-se em formato pré-pandemia. Desde quinta-feira, como acontece já há largos anos, a capacidade hoteleira da localidade e das imediações esgotou e os restaurantes enchem-se de gente. Em 2019, o evento teve de ser cancelado e no ano passado realizou-se apenas em dois dias, com designação diferente, como uma espécie de aperitivo para um regresso em grande. Eis que o prometido se cumpriu e o SWR Metalfest está de volta para a sua 23ª edição.

O número de edições podia ser outro. Não o é, com pena de Ricardo Veiga, que a par do irmão Tiago Veiga é um dos mentores do festival, porque a pandemia não permitiu. E isso deixou marcas mas que podem, acredita, ser curadas. “É óbvio que abalou as contas do festival, mas continuaremos a lutar e vamos ultrapassar isso”, afirma o organizador do evento.

É mais fácil ser optimista quando existe um público fiel, de Portugal e de fora do país, que todos os anos guarda quatro dias para viajar até Barroselas. Muito desse público, cerca de 2 mil pessoas por dia, quando em 2019 foi anunciado o adiamento do festival, optou por não pedir de volta o dinheiro do bilhete que já tinha comprado. “Alguns estão a usá-lo este ano”, diz Ricardo.

Até se estabelecer no formato que tem hoje – quatro dias, 40 bandas e dois palcos – o festival passou por diferentes estágios. Começou em 1998, com cartaz desenhado para um dia, na Casa do Povo de Barroselas, onde os dois irmãos já tinham organizado alguns concertos anteriormente. “Na altura não havia muitos festivais do género, ou quase nenhum, em Portugal. Para as pessoas de cá, num meio mais pequeno, foi estranho verem gente que não estavam habituadas a ver”, recorda o fundador do festival, que antes do SWR, também com o seu irmão, já tinha uma fanzine dedicada ao género. Também já tinha uma banda com Tiago Veiga, os GoldenPyre, que ensaiava na casa dos pais e espalhava o som do seu death metal para a vizinhança.

Com o festival, esse som e de outros subgéneros do metal passou a ouvir-se todos os anos em Barroselas, mas feito por dezenas de bandas, e foi-se entranhando nos habitantes da vila com cerca de 4 mil habitantes. Desde 2005, depois de algumas mudanças de local, passou a realizar-se no recinto da Associação Desportiva de Barroselas e está com a dimensão que os fundadores pretendem. “É esta a dimensão que queremos ter. Queremos manter o espírito caseiro do festival”, diz.

Impacto económico positivo

Esta dimensão chega para ter impacto económico positivo na vila. De acordo com um estudo realizado em 2013 por Jorge Coelho e Miguel Brázio, para o Instituto Politécnico de Portalegre, revisto em 2017, a economia de Barroselas tem um retorno de cerca de 29 mil euros por dia com o festival. A contribuir para isso está um público que chega na sua maioria de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra. Os que vêm de fora são oriundos sobretudo de Espanha, França, Alemanha, Inglaterra e Itália.

Há muitos que acompanham o festival desde o início ou quase desde que começou. “Mas também há renovação de público. Muitas vezes são os mais velhos que trazem os mais novos”, afirma Ricardo Veiga.

Até domingo, pelos dois palcos do SWR Metalfest, passam bandas como Pig Destroyer, Horna, Gutalax, Rotten Sound, Esoteric, Gorod ou os portuenses Holocausto Canibal, também a celebrar 25 anos desde que iniciaram a sua actividade como banda.

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