Vala comum com cerca de 50 mortos encontrada na R. D. Congo

Os restos mortais são de civis e militares raptados por um dos grupos rebeldes que actua no Leste do país.

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Rebeldes das Forças Aliadas de Defesa (ADF) fotografados num acampamento no Kivu Norte em 2018 Goran Tomasevic/REUTERS

Os restos mortais de cerca de 50 civis e militares mortos entre 2021 e 2022 foram descobertos numa vala comum no nordeste da República Democrática do Congo, confirmaram este domingo fontes militares e civis.

Os corpos "foram descobertos por agricultores em Ntoma, na quinta-feira”, disse à EFE, por telefone, Edgard Mateso, vice-presidente da sociedade civil da província do Kivu Norte. “É horrível. As vítimas foram reféns da ADF [Forças Democráticas Aliadas], raptadas e assassinadas entre 2021 e 2022”, na região de Beni.

Segundo o activista congolês, “em vários dos restos mortais, havia uniformes” das Forças Armadas da R.D. Congo (FARDC). “Tenho a certeza de que vamos descobrir mais ossos se procurarmos nas aldeias circundantes”, acrescentou Edgard Mateso.

O porta-voz das FARDC em Beni, o capitão Antony Mwalushayi, também confirmou a descoberta à EFE.

As ADF são um grupo rebelde de origem ugandesa que actualmente se movimenta nas províncias congolesas de Kivu Norte e Ituri.

Os seus objectivos não são claros, para além da possível ligação ao Daesh (Estado Islâmico), que por vezes reclama a responsabilidade pelos seus ataques.

Embora os peritos do Conselho de Segurança das Nações Unidas não tenham encontrado provas de apoio directo do Daesh às ADF, os Estados Unidos identificam-nas desde Março de 2021 como uma “organização terrorista” ligada ao grupo jihadista.

Segundo o Barómetro de Segurança de Kivu, as ADF são responsáveis por mais de 3.540 mortes em mais de 660 atentados na R.D. Congo desde 2017.

Para lhes pôr fim, os exércitos da R.D. Congo e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês em Novembro de 2021, que ainda está em curso, embora os ataques rebeldes não tenham cessado.

Desde 1998, o leste da R.D. Congo tem estado envolvido num conflito alimentado pelas milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão das Nações Unidas (MONUSCO), com cerca de 16.000 militares no terreno.

Em meados de Março, o Parlamento de Angola aprovou o envio de militares para a missão de paz na R.D. Congo.