O clássico Benfica-FC Porto e as suas consequências

“Águias” lideram pela regularidade, mas perderam mais pontos contra equipas do top 6. “Dragões” tropeçaram em adversários inesperados, mas têm sido mais consistentes contra os que andam na frente.

Foto
Galeno e Florentino em luta pela posse de bola Reuters/PEDRO NUNES

“Não temos tido muitos jogos maus…”, foi o que Roger Schmidt respondeu quando lhe perguntaram se o Benfica tinha feito o seu pior jogo da época no clássico que perdeu com o FC Porto, no sábado. A época que os “encarnados” têm feito é a melhor defesa do alemão, a todos os níveis – em Portugal e na Europa. Mas é difícil explicar as exibições (e resultados) das "águias" frente à sua concorrência directa. Assim como é difícil explicar que o FC Porto esteja tão longe da frente e tenha sido tão autoritário na casa do líder. Sérgio Conceição nunca dirá que este foi o melhor jogo da época, e que “foram só três pontos”, mas o técnico dos “dragões” sabe bem o valor desta vitória. Para os seus e para o adversário.

Os pontos perdidos

Em 27 jornadas, o Benfica perdeu dez pontos, o FC Porto perdeu 17. Contra quem? Os “encarnados” têm mostrado alguma fraqueza a defrontar equipas do topo do campeonato. É verdade que venceram no Dragão por 0-1, mas foi contra um FC Porto em inferioridade numérica. De resto, as duas derrotas foram contra segundo e terceiro classificados, o 1-2 na Luz na sexta-feira e um 3-0 em Braga. Quanto aos empates, foram 0-0 frente ao Vitória em Guimarães e um 2-2 com o Sporting na Luz, depois de estar a perder duas vezes – dez pontos perdidos contra equipas do top 6 (em 24), mas eficácia total contra todos os outros e é essa regularidade quem tem mantido o Benfica no topo.

Quanto ao FC Porto, tem perdido pontos em locais inesperados, incluindo na sua própria casa. Dos quatro empates e três derrotas que já leva no campeonato (que está perto do pior registo de Conceição, quatro empates e quatro derrotas em 2019-20, em que foi campeão), a formação portista perdeu duas vezes em casa (Benfica e Gil Vicente) e uma fora (Rio Ave), e todos os empates foram fora do Dragão (Estoril, Santa Clara, Casa Pia e Sp. Braga). Contra equipas do top 6 actual, o FC Porto fez 19 pontos em 24 possíveis.

O que falta da época

Benfica e FC Porto só têm um adversário em comum até ao final da temporada, o Santa Clara, último classificado e que já não ganha para o campeonato desde Novembro do ano passado – será o próximo jogo dos “dragões” e o último das “águias”. De resto, pelo menos em termos de calendário, a formação portista parece ter um caminho menos atribulado, com quatro dos sete jogos em casa e confrontos com os dois últimos (Santa Clara e Paços de Ferreira) e mais uma equipa da segunda metade da tabela (Boavista). Nas últimas quatro rondas, terá Arouca, Casa Pia, Famalicão e Vitória.

Já o Benfica, fará apenas três jogos na Luz nesta fase final, defrontando cinco equipas da segunda metade da tabela que lutam pela manutenção – Desp. Chaves, Estoril, Portimonense, Gil Vicente e Santa Clara, que já poderá estar condenado quando for jogar à Luz. Mas terá no seu caminho duas equipas do top 4 que não conseguiu vencer na primeira volta – a 7 de Maio recebe o Sp. Braga, que ainda pode ser considerado um candidato; a 21 de Maio, estará em Alvalade para defrontar o Sporting. Mas, se fizer o pleno até aqui, já irá a casa do “leão” como campeão.

Os jogos extra

Há ainda um dado a considerar nesta última fase da época. Benfica e FC Porto têm jogos extra para lá do campeonato. As “águias” têm o duplo compromisso nos quartos-de-final da Liga dos Campeões com o Inter de Milão, o FC Porto tem a meia-final a duas mãos da Taça de Portugal com o Famalicão. Em teoria, o compromisso europeu dos “encarnados” será mais exigente, mas também mais compensador se for ultrapassado – será o Benfica a resgatar a sua própria história, a encaixar mais alguns milhões e a valorizar ainda mais os seus jogadores.

O outro lado de ainda estar na Champions é que obriga a dividir o foco entre duas competições importantes. Entre os dois jogos com o Inter, na próxima terça-feira e na quarta-feira da semana seguinte, terá uma viagem a Trás-os-Montes para defrontar o Desp. Chaves. Já o FC Porto, terá duas semanas com apenas um jogo por semana (com os dois últimos) e só depois terá o primeiro de dois jogos com o Famalicão.

Ou seja, Conceição terá tempo para ficar com a sua equipa mais saudável (tem tido muitos lesionados), enquanto Schmidt terá de “abusar” mais um pouco dos seus preferidos – e alguns já parecem acusar algum desgaste. Se tudo isto somado dará para o 38.º título de campeão do Benfica, o primeiro desde 2019, ou para o 31.º do FC Porto, o quarto nos últimos seis anos, em breve saberemos.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários