Marcelo rejeita ter pedido para alterar voo da TAP
“A Presidência da República nunca contactou a TAP, nem nenhum membro do Governo” acerca de qualquer pedido para mudar um voo da operadora aérea.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, rejeitou nesta quarta-feira ter pedido para alterar um voo da TAP de forma a conseguir voltar para Portugal mais cedo de uma viagem oficial a Moçambique. E se tal pedido foi feito "terá sido por iniciativa da agência de viagens”, diz fonte oficial de Belém.
A notícia acerca de um eventual pedido do Presidente para antecipar um voo da TAP veio a público através da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, que se aconselhou junto do Governo sobre o que fazer quando recebeu o pedido.
Na resposta por escrito aos jornalistas divulgada nesta quarta-feira de manhã, a Presidência esclarece que “nunca contactou a TAP, nem nenhum membro do Governo sobre tal assunto”, colocando a responsabilidade na agência de viagens.
“A Presidência da República nunca solicitou a alteração do voo da TAP, se tal aconteceu terá sido por iniciativa da agência de viagens”, segundo a nota, em que o Presidente assume que só teve conhecimento da questão a 11 de Fevereiro, quando a CEO da companhia perguntou ao chefe da Casa Civil se Marcelo Rebelo de Sousa tinha pedido a alteração do voo no dia 24 de Março, “o que foi imediatamente desmentido”.
A nota da Presidência detalha que esse assunto foi abordado por Christine Ourmières-Widener durante um jantar no Eliseu, a convite do Presidente Emmanuel Macron, a propósito da Temporada Cruzada França-Portugal.
Em causa está a viagem de Marcelo a Moçambique em Março de 2022. “A viagem foi tratada pela agência de viagens habitual, que terá feito várias diligências e acabou por encontrar uma alternativa com a TAAG, via Luanda, no dia 23, mas o regresso de Moçambique acabou por se verificar a 21 de Março de 2022, num voo regular da TAP (TP182)”, de acordo com a nota.
O caso foi revelado pelo deputado da IL Bernardo Blanco na audição desta quarta-feira da CEO da TAP na comissão parlamentar de inquérito à gestão da empresa. O deputado referiu-se a um e-mail interno com data de 10 Fevereiro recebido pela gestora sobre o que a companhia aérea devia fazer perante um pedido de alteração de 24 para 23 de Março do voo em que vinha o Presidente da República de Maputo.
O e-mail era dirigido ao então secretário de Estado das Infra-estruturas, Hugo Mendes, que justificou a sua resposta favorável à alteração do voo com o apoio político de Marcelo. O deputado revelou a resposta do governante: “Sei que isto é um incómodo para ti mas não podemos mesmo perder o apoio político do Presidente da República. Ele tem-nos apoiado no que diz respeito à TAP, mas se o humor dele mudar, tudo se perde. Uma frase dele contra a TAP ou o Governo e ele empurra o resto do país contra nós. Não estou a exagerar. Ele é o nosso principal aliado político, mas pode transformar-se no nosso pior pesadelo."
A data do voo acabou por não ser alterada depois de a CEO da TAP ter percebido que o pedido não vinha directamente da Presidência da República.