China muda de posição em relação a ilhas disputadas por Rússia e Japão
A China mantinha desde Mao Tsetung o seu apoio às pretensões de Tóquio em relação às ilhas Curilas, agora Xi Jinping adoptou a neutralidade em relação ao conflito de soberania.
A China deixou de apoiar o Japão na sua disputa com a Rússia em relação à soberania das ilhas Curilas, também denominadas como Territórios do Norte, e passou a afirmar o seu estatuto de neutralidade em relação ao conflito territorial, de acordo com a agência de notícias estatal japonesa Kyodo.
O antigo Presidente chinês Mao Tsetung expressou em 1964 o seu apoio ao Japão em relação ao estatuto do arquipélago, formada por um grupo de ilhas – Iturup, Kunashir, Shikotan e Habomai – habitadas apenas por um punhado de cidadãos japoneses. Durante a II Guerra Mundial, as ilhas foram ocupadas pela tropa soviética.
O actual chefe de Estado chinês, Xi Jinping, havia sublinhado ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, na recente visita oficial a Moscovo, que Pequim “não tomará posição por nenhum dos lados” no que diz respeito à disputa territorial, disse uma fonte próxima do processo à Kyodo.
As autoridades do Japão acusaram o Governo russo, em Abril do ano passado, de “ocupar ilegalmente” as ilhas. Tóquio não se havia pronunciado dessa maneira em relação aos Territórios do Norte desde 2003, como se referiu na altura o canal de televisão NHK.
As relações entre as duas nações têm-se vindo a deteriorar desde a invasão russa da Ucrânia, que levou Tóquio a impor sanções a Moscovo. Depois disso, a Rússia declarou o fim das negociações de um tratado de paz entre os dois países, que está pendente desde a II Guerra Mundial, e acabou também com o diálogo para o estabelecimento de actividades económicas conjuntas nas ilhas Curilas.
O Japão adiou durante décadas a assinatura de um acordo de paz com a Rússia à espera de recuperar a soberania das ilhas. Tóquio baseia-se nos seus propósitos no Tratado Bilateral de Comércio e Fronteiras, assinado com Moscovo em 7 de Fevereiro de 1855. Moscovo, por seu lado, justifica a sua posição com os tratados internacionais que foram assinados no final da II Guerra Mundial.