Cerimónias fúnebres de uma das vítimas do ataque vão decorrer no Centro Ismaili
Duas mulheres morreram num ataque com uma faca no Centro Ismaili em Lisboa na terça-feira. A Polícia Judiciária admite que o autor terá tido um “surto psicótico”.
As cerimónias fúnebres de Farana Sadrudin, uma das duas vítimas mortais do ataque no Centro Ismaili em Lisboa, vão ter lugar esta sexta-feira. A informação foi avançada pelo Expresso e confirmada pelo PÚBLICO junto de fonte daquela comunidade. Marcadas para essa tarde, as cerimónias vão decorrer no próprio centro ismaili, na Avenida Lusíada, em Lisboa. Farana Sadrudin tinha 49 anos.
No caso da vítima mais nova, Mariana Jadaugy (24 anos), as homenagens fúnebres deverão decorrer em Belas (Sintra), numa igreja Católica, no sábado à tarde, confirmou ao PÚBLICO uma outra fonte da comunidade.
As duas portuguesas foram mortas na terça-feira por um homem que as atacou com uma faca “de grandes dimensões”, como informou a PSP naquela manhã. Além das duas vítimas mortais, o agressor feriu ainda uma terceira pessoa (um professor de Português), que foi assistida no Hospital de Santa Maria.
O suspeito dos crimes é de nacionalidade afegã, na casa dos 30 anos, e tinha chegado a Portugal em 2021, depois de passar por um campo de refugiados na Grécia — onde a mulher morreu num incêndio — com os três filhos de nove, sete e quatro anos.
O atacante, que também saiu ferido do ataque, foi operado no Hospital de São José, em Lisboa, e foi transferido para o Hospital Curry Cabral por questões de segurança, uma vez que este hospital dispõe de quartos de isolamento.
De acordo com a avaliação médica, o agressor não terá alta antes de dez a 15 dias e só nessa altura estará em condições de saúde para se apresentar a um juiz de instrução criminal, apontou o director nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves.
As motivações para o homicídio estão ainda por conhecer. A investigação está entregue à Polícia Judiciária. Aquela força de investigação afirmou na manhã desta quarta-feira que "não há o mínimo indício" de que o crime tenha tido motivação religiosa ou política, estando afastado o crime de terrorismo.
Segundo a PJ, a investigação deste ataque aponta para a ocorrência de um "surto psicótico". "Estamos perante um momento de um surto psicótico, que terá levado a que este trágico acidente possa ter ocorrido", afirmou Luís Neves. Tudo indica "um crime de natureza comum", mas "só uma perícia psiquiátrica" poderá, de facto, confirmar "o que está em causa".
Os três filhos do homem foram colocados numa instituição, depois de a própria comunidade se ter oferecido para as acolher em famílias.
Fonte oficial do Centro Ismaili disse ao PÚBLICO que os três rapazes estiveram na terça-feira a ser acompanhados no centro por pessoas que os conhecem, por uma equipa de psicólogos e por técnicos da Segurança Social. Para já, adiantou a mesma fonte, os rapazes foram colocados numa instituição onde continuam em contacto com a comunidade e a frequentar o centro, mantendo todas as rotinas escolares.
Contactada pelo PÚBLICO, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Odivelas afirmou que não havia qualquer Processo de Promoção e Protecção a favor das três crianças. E acrescentou: "Face aos acontecimentos, foi aplicado procedimento de urgência por esta comissão, tendo os processos sido remetidos ao Ministério Público, seguindo os trâmites legais."