Promover a saúde contra o cancro colorretal

No Mês Europeu da Luta Contra o Cancro do Intestino é essencial promover a prevenção, em que se incluem políticas e programas de promoção da saúde, a educação cívica e alimentar da população.

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O cancro colorretal é o segundo mais frequentemente diagnosticado na Europa, em ambos os sexos Daniel Rocha/arquivo

Este é o Mês Europeu da Luta Contra o Cancro do Intestino e é essencial falar de prevenção, incluindo um conjunto de ações para proteger e melhorar a saúde da população, que podem ser exercidas em qualquer fase da história da doença: antes de ocorrer a exposição de risco ou quando a doença já se encontra instalada, de forma a atrasar a evolução e minimizar as morbilidades associadas.

Existem vários tipos de prevenção, mas falemos da primordial, da primária e da secundária. Comecemos pela primordial, que deve ter lugar antes de aparecer a doença, com o objetivo de a evitar. Aqui englobamos ações de caráter individual e coletivo com a inclusão de políticas e programas de promoção de ações positivas de saúde.

Já a chamada prevenção primária visa evitar a exposição a um fator de risco antes que se desenvolva um mecanismo patológico. Tem como principal objetivo reduzir a incidência da doença, através do controlo dos fatores de risco, ou reduzindo o risco médio da população.

A prevenção dos cancros passa pela educação cívica e alimentar da população, para eliminação de alguns fatores de risco comuns, como sejam o tabagismo, o excesso de peso, a falta de exercício físico, o excesso de consumo de álcool e sal. A deteção precoce é o ponto fundamental no sucesso do tratamento.

Por último, a prevenção secundária diz respeito à deteção precoce de problemas de saúde em pessoas presumivelmente doentes, mas assintomáticos para a situação em estudo, através do diagnóstico cada vez mais precoce da doença e das lesões. São exemplos os rastreios de base populacional coadjuvados pela avaliação clínica e os exames auxiliares de diagnóstico regulares.

Particularizando o cancro colorretal, que é o segundo mais frequentemente diagnosticado na Europa e em ambos os sexos, cerca de 80% são encontrados no cólon e 20% no reto. Entre 5% e 10% dos casos são consequência de condições hereditárias, pelo que a triagem e vigilância nas síndromes genéticas hereditárias reduz a incidência e a mortalidade.

Muitos dos fatores de risco desta doença estão associados ao estilo de vida "ocidental", caracterizado por uma dieta desequilibrada, pelo sedentarismo e pelo consumo de álcool e de tabaco. As mudanças nos hábitos alimentares, sobretudo a partir do início dos anos 1980, são apontadas como uma das razões para o aumento da prevalência deste tipo de cancro.

É fundamental a realização de uma colonoscopia para a deteção precoce de lesões tumorais bem como de pólipos que podem originar a doença. A pesquisa de sangue oculto nas fezes é considerado o teste de rastreio preferencial para referenciar as pessoas para colonoscopia de seguimento entre os 50 e os 74 anos. Contudo, é importante manter um acompanhamento médico regular, conhecer os fatores de risco, antecedentes familiares e aconselhar-se com o seu médico sobre quando deve iniciar a vigilância e a regularidade da mesma. Porque um diagnóstico atempado pode, de facto, salvar vidas.

A responsabilidade da promoção da saúde é comum a todos os sectores da comunidade. A capacitação – empowerment – das pessoas e das comunidades, a criação de ambientes favoráveis à saúde e o desenvolvimento de aptidões pessoais através da educação para a saúde, são os principais meios para a promoção da saúde.

A ciência e a inovação estão a conduzir ao desenvolvimento de novas atitudes no âmbito da prevenção. Contudo, a reduzida literacia em saúde poderá ser um problema. É fundamental consciencializarmo-nos desta realidade para que possamos desenvolver, de uma forma célere, medidas de recuperação e de promoção da saúde.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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