Repor dentes em falta dá saúde

A perda de dentes atinge quase 70% dos portugueses. Nesta segunda-feira, 20 de março, em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Oral, não se esqueça: repor dentes é repor a saúde.

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Apesar de terem uma durabilidade consideravelmente elevada, os tratamentos com implantes não são eternos DR/Jonathan Borba via Unsplash

Mais de 30% dos portugueses não vão à consulta de medicina dentária, de acordo com o mais recente Barómetro da Saúde Oral, que estima que cerca de dois terços da população portuguesa têm falta de dentes. Ou seja, quase 70% dos portugueses têm falta de um ou mais dentes naturais. Destes 70%, apenas metade apresenta algum tipo de prótese a substituir os dentes.

Se analisarmos os dados percebemos que apenas 31,5% da população tem a dentição completa. São números que não devem ser de forma alguma desvalorizados e que devem ajudar a uma mudança de mentalidade junto da população portuguesa. Cabe também a nós, médicos dentistas, ajudar, através de todos os meios disponíveis, a ultrapassar este paradigma nas próximas gerações.

As consequências da perda de dentes não estão limitadas à cavidade oral, podendo afetar a autoconfiança, ter repercussões na alimentação e no estado geral de saúde.

A implantologia é uma das subespecialidades da medicina dentária que permite a reabilitação de dentes ausentes de forma fixa, através da colocação do implante dentário no osso. É uma das áreas de intervenção que mais tem evoluído nos últimos anos. A ciência tem ajudado a melhorar os resultados dos tratamentos a longo prazo, tornar os procedimentos cada vez mais seguros, menos invasivos e mais confortáveis para as pessoas.

A verdade é que a colocação de implantes dentários envolve procedimentos que, na maioria das vezes, são indolores: durante a cirurgia, com a ajuda da anestesia e, nos dias após a cirurgia, com a ajuda de analgésicos. Não raras vezes as pessoas intervencionadas reportam-me, com alguma surpresa por parte delas, que de facto não sentiram qualquer desconforto.

Os implantes dentários são dispositivos médicos que têm por objetivo imitar a raiz do dente, sendo colocados nos ossos dos maxilares. Sobre eles será colocada uma reabilitação fixa com coroas, pontes ou próteses, permitindo substituir os dentes perdidos.

A substituição de dentes com reabilitações fixas suportadas por implantes permitem a reposição da função mastigatória, o restabelecimento da fonética, a recuperação da estética, a melhoria da qualidade de vida — e, comparativamente com as próteses removíveis, oferecem maior conforto. A colocação de implantes dentários para a substituição de dentes ausentes ou perdidos é um tratamento com uma taxa de sucesso muito alta, entre 95% e 98%.

Com procedimentos cada vez menos invasivos e guiados digitalmente, os implantes dentários são uma terapia diária e não de exceção. Contudo, a sua colocação constitui um ato cirúrgico irreversível que deve ser cuidadosamente planeado e executado de forma a otimizar a posterior reabilitação restauradora.

A imagiologia atualmente permite, através da realização de um simples e rápido exame, a obtenção de uma imagem radiográfica tridimensional dos maxilares (exames conhecidos por TAC, TC ou CBCT). Este exame complementar de diagnóstico é essencial para se estabelecer de forma mais objetiva um correto diagnóstico, com o planeamento de cada caso. Por seu lado, um planeamento rigoroso permite ao clínico, numa fase pré-operatória, detetar as limitações anatómicas, que não são visíveis em exames a duas dimensões, e minimizar as complicações e os riscos inerentes a cada caso. Por isso, é importante que estes tratamentos sejam planeados e realizados por clínicos com formação diferenciada e específica na área da implantologia.

Apesar de terem uma durabilidade consideravelmente elevada, os tratamentos com implantes não são eternos, tal como não é qualquer outro tratamento reabilitador em medicina dentária. É importante referir que sempre que exista alguma patologia infecciosa ou problema mecânico no conjunto implante-prótese este período de duração estimado reduz drasticamente.

Os problemas ocorrem sobretudo em casos com uma má manutenção deste tipo de tratamentos, como uma má higiene oral ou por falta de comparência nas consultas periódicas de manutenção. É conveniente e recomendável efectuar consultas de controlo com um intervalo máximo de seis meses.

A perda de dentes tem um forte impacto que vai muito além da estética — diminui a capacidade de mastigação e de produção da voz, acarreta prejuízos nutricionais e, também, psicológicos. Procurar ajuda médica, aconselhar-se sobre as opções que existem para repor os dentes em falta é, sem dúvida, recuperar a saúde.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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