Professores vão fazer marcha lenta junto à Ponte 25 de Abril no dia 20
Marcha lenta e paragem, que pretende contar com todos os tipos de profissionais de educação, estão marcadas para as 18h23 de segunda-feira. “Queremos mobilizar todo o país”, diz organização.
Os profissionais da educação vão manifestar-se numa marcha lenta na próxima segunda-feira (dia 20), pelas 18h23, junto à Ponte 25 de Abril em Lisboa. O protesto vai acontecer numa marcha lenta e, segundo as declarações de um dos organizadores, Rui Foles, ao PÚBLICO, são esperadas “entre 500 a mil pessoas”. A concentração está marcada para a Ponte do Pragal e para os acessos pedonais laterais da 25 de Abril.
A intenção dos organizadores – um grupo "independente" de cerca de 13 professores da Grande Lisboa, tanto da "margem Norte como da margem Sul" do Tejo – é que o protesto seja replicado noutras pontes do país ao mesmo tempo em que decorre na capital portuguesa. "Queremos mobilizar todo o país", diz Rui Foles, professor no Agrupamento de Escolas Monte de Caparica, em Almada. "Pedimos que parem todos durante esse período, nem que seja um minuto, a essa hora."
A marcha lenta foi convocada para o mesmo dia em que era esperada uma nova reunião entre o Ministério da Educação (ME) e os sindicatos do sector, mas que não tem ainda data.
A hora para a concentração é simbólica, “6h23 PM”, e representa os seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço trabalhado que os professores viram congelado. Do guião de acção consta que, a partir das 18h, se vão deslocar os "veículos de apoio vindos das margens Norte e Sul da Grande Lisboa, em caravana de marcha lenta e buzinão", para pararem à hora definida.
"A iniciativa do dia 20 de Março, em que literalmente se unirão profissionais da educação da margem Sul e da margem Norte do rio Tejo, apelando à participação de todos os cidadãos, terá o seu final no Santuário do Cristo-Rei", refere a organização num comunicado enviado ao PÚBLICO.
Aí, pelas 20h, nomes de professores e académicos como Paulo Guinote, Raquel Varela, Ricardo Silva, Alberto Veronesi, Carlos Ceia e António Carlos Cortez vão discursar.
"Missão Escola Pública é um movimento de professores completamente apartidário, que luta pelos seus direitos e pela defesa da Escola Pública, sob a égide 'A Escola constrói pontes! Ajudem-nos a desbravar caminhos!', cientes de que só em união com toda a sociedade poderão lutar pelo valor inestimável que é a Educação", pode ainda ler-se.
De acordo com a organização, o protesto é convocado num contexto de "tentativas de silenciamento por parte deste Governo, nomeadamente através da decretação de serviços mínimos", que lhes retiraram, dizem, o direito ao exercício da greve. "Como tal, surgimos como grupo espontâneo de professores de escolas diversas da região da Grande Lisboa e usamos os meios de que dispomos para continuar a luta, fora dos nossos horários de trabalho. Percebemos que chegámos a uma embocadura em que a necessidade fundamental é dignificar, antes de mais, os profissionais da Educação, restituindo-lhes valores essenciais como o respeito e a autoridade próprios de profissionais de inegável valor moral, motores da economia, na medida em que neles assenta a qualidade de todas as outras profissões."
Encerrada, sem acordo, a negociação sobre o modelo de recrutamento e progressão na carreira dos docentes, o ME admitiu, na semana passada, voltar a negociar com os sindicatos matérias como as assimetrias provocadas pela forma de recuperação do tempo de serviço ou o trabalho burocrático entregue aos professores. No final dessa reunião, João Costa fez depender uma nova ronda de discussão com os sindicatos do regresso da serenidade às escolas.
Os sindicatos têm convocado greves, desde 9 de Dezembro, e manifestações nas ruas das principais cidades do país, incluindo às portas do ministério nos dias de negociação. Já depois da última reunião, foram anunciadas novas paralisações de professores, que podem estender-se até ao final do ano lectivo e abranger mesmo as avaliações.