Azul
Desta vez, as auroras boreais levaram a dança das luzes mais longe
O longo alcance do rasto luminoso das auroras boreais é um fenómeno raro. Desta vez, as "luzes do norte" entraram pelo céu do Reino Unido dirigindo-se ao Sul. Mas não só.
É um espectáculo de sucesso garantido, mas acesso restrito. As auroras boreais são um fenómeno reservado a alguns lugares privilegiados, mas, de vez em quando, este lado exibicionista da Terra revela-se para lá do seu território. Foi o que aconteceu nestes últimos dias para gozo de muitas pessoas pouco habituadas a esta dança de luzes no céu. E, da noite para o dia, as fotografias da luz a romper o céu escuro invadiram as redes sociais.
A imagem parada garantida por uma fotografia já tem o impacto hipnotizante de que muitos falam. Agora imagine-se estes feixes de luz a dançar em cima das nossas cabeças, à frente dos nossos olhos, no céu escuro da noite. Nalguns locais, os sinais eram tão ténues que muitos juravam estar a ver apenas o efeito de um jogo de luzes e lasers vindas da terra para o céu. Mas não, o espectáculo veio no sentido habitual: do céu para a terra.
As "luzes do norte", ou aurora boreal, acenderam o céu em toda a Grã-Bretanha no domingo, numa exposição que atingiu partes do sul de Inglaterra. Numa exposição muito rara, a luz chegou tão a sul como Kent e Cornwall na noite de domingo.
Foi, dizem os especialistas, uma das melhores exibições dos últimos tempos. É impressionante ver o efeito de uma chama solar que irrompe no Sol, enviando partículas carregadas em direcção à Terra que interagem com a nossa atmosfera, referia a notícia da BBC. A outra boa notícia: o fenómeno pode repetir-se nos próximos dias.
Para já, refere-se o que justifica este exibicionismo de longo alcance será uma forte erupção solar na superfície do Sol dirigida para a Terra. Para quem não se contenta apenas com o inesquecível espectáculo e quer saber mais sobre os bastidores deste jogo de luz natural e impossível de imitar pode-se acrescentar que sabemos que as partículas carregadas interagem com o oxigénio e o azoto na atmosfera e que depois emitem cores verde e vermelha sobre os nossos pólos.
Se for uma forte erupção solar, as partículas carregadas podem viajar mais longe dos pólos para latitudes médias, como o sul de Inglaterra. Terá sido esse o caso, desta vez.
O Sol passa por ciclos que vão alterando a actividade do seu campo magnético. À medida que este campo magnético muda, o mesmo acontece com a quantidade de actividade na superfície do Sol. O último mínimo solar foi em 2020, a actividade no Sol tem vindo a aumentar desde então e o máximo solar é esperado em 2025. Ou seja, é provável que nos próximos anos este fenómeno ganhe força e, com isso, a aurora boreal mantenha este longo alcance ultrapassando as suas tradicionais fronteiras.
Habitualmente, os melhores locais para a observação deste fenómeno são o sul da Islândia, Whitehorse, no Canadá, Tromso, na Noruega, Alasca, EUA, Kiruna, na Suécia, Murmansk, na Rússia, Ilulissat, na Gronelândia, Tasmânia, na Austrália e Dunedin, Nova Zelândia. Desta vez, a plateia foi maior. O entusiasmo foi o mesmo.