Responsáveis chineses em Taiwan pela primeira vez desde a pandemia
Visita foi feita a convite do presidente de câmara de Taipé, do partido Kuomintang, na oposição. A Presidente anunciou, ao mesmo tempo, um reforço da cooperação militar com os Estados Unidos.
Uma delegação chinesa visitou Taiwan, a primeira vez desde o início da pandemia, anunciou a câmara de Taipé, que é liderada pelo Kuomintang, o histórico partido nacionalista chinês que está desde 2016 na oposição ao Governo nacional, mas no poder na capital.
Foram seis representantes chineses que se reuniram com o presidente da câmara, Chiang Wan-na, numa visita que se junta a uma série de conversas recentes entre Pequim e Taipé quando Taiwan se prepara para eleições presidenciais em 2024.
Os responsáveis chineses e taiwaneses "trocaram ideias sobre questões municipais, como a cultura, o desporto e o turismo”, segundo uma declaração da Câmara Municipal de Taipé, divulgada na segunda-feira, sobre a visita de sábado.
O organismo taiwanês que define a política em relação à China, o Conselho de Questões do Continente, disse que a visita foi aprovada desde que fosse discreta e acrescentou esperar que a visita promovesse “trocas saudáveis”.
Por causa da tensão política entre Taiwan e a China, mesmo antes da pandemia as trocas eram limitadas.
Mas já há duas semanas, o vice-presidente do Kuomintang, Andrew Hsia, tinha feito uma visita de nove dias à China, onde pediu mais voos directos entre Taiwan e China e apelou ao levantamento das restrições de importação – Pequim proibiu a importação de fruta e peixe de Taiwan em retaliação pela visita à ilha em Agosto da então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.
Cooperação militar com EUA
Em sinal contrário, a Presidente, Tsai Ing-wen, disse, durante um encontro com uma delegação norte-americana, que Taiwan vai aumentar a cooperação militar com os Estados Unidos para lidar com o “expansionismo autoritário”. Tsai não deu, no entanto, mais pormenores.
Do lado americano, Ro Khanna, o congressista democrata que lidera a delegação bipartidária, explicou que a vissta pretendia fortalecer as ligações tanto económicas como de segurança.
Tal como a maioria dos países, os Estados Unidos não têm uma relação formal com Taiwan, mas são o maior fornecedor de armas da ilha, o que é um motivo de tensão com a China, que reclama Taiwan como parte do seu território.
À medida que Pequim tem aumentado a pressão para Taipé aceitar a soberania chinesa, a ligação entre Taiwan e os EUA tem-se estreitado.
Na semana passada, o mais importante responsável do Pentágono para a China, Michael Chase, foi a Taiwan, segundo noticiou o Financial Times. Chase é o subsecretário adjunto da Defesa dos EUA para a China e é o mais alto responsável da Administração norte-americana a visitar Taipé nos últimos quatro anos, a seguir à de Heino Klinck, subsecretário adjunto da Defesa dos EUA para a Ásia Oriental que, por sua vez, foi o mais alto responsável do Pentágono a visitar Taiwan nas últimas quatro décadas.