Morreu Amancio Amaro, lenda do Real Madrid nascida na Corunha

Extremo com dotes de goleador jogou 14 temporadas pelos “merengues”, antes de vestir a pele de treinador e, mais recentemente, de presidente honorário.

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Amancio foi escolhido como presidente honorário em 2022 EPA/Rodrigo Jimenez

O Real Madrid perdeu nesta terça-feira uma das suas lendas. Amancio Amaro, antiga glória e presidente honorário do clube, morreu aos 83 anos, deixando um legado tremendo enquanto jogador, treinador e símbolo de um emblema ao qual chegou em 1962.

Quando assinou pelo Real, Amancio Amaro trazia um currículo de respeito, recheado de golos e exibições convincentes ao serviço do Deportivo da Corunha, cidade natal. Foram 66 golos em 108 jogos, que lhe permitiram conquistar o título de melhor marcador da II divisão espanhola (25 golos em 26 jogos) e convencer o presidente dos “merengues”.

E presidente é a palavra certa, porque foi Santiago Bernabéu (que hoje dá nome ao estádio do clube) quem fez finca-pé na contratação, ao que tudo indica contra a vontade da restante direcção e numa altura em que era badalado também o interesse do Barcelona.

O negócio fez-se por 12 milhões de pesetas e o extremo rápido e imprevisível, com faro goleador, rumou mesmo à capital, onde deixaria uma herança de peso. Vestiu a camisola do Real Madrid entre 1962 e 1976, conquistando uma Taça dos Campeões Europeus, nove campeonatos de Espanha e três Taças do Rei. Ao longo de 14 temporadas, “El Brujo” somou 471 encontros e 155 golos, assegurando o título máximo dos goleadores em 1969 e 1970.

Entre os pontos altos da carreira, conta-se ainda o terceiro lugar na votação da Bola de Ouro de 1964, logo à frente de Eusébio e atrás apenas do vencedor Denis Law (Manchester United) e de Luis Suárez (Inter Milão), bem como o título europeu de selecções, conquistado no mesmo ano pela Espanha.

Quando finalmente pendurou as chuteiras, a 30 de Junho de 1976, fê-lo na qualidade de quarto melhor marcador da história do Real Madrid, atrás de Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Paco Gento.

O brilho que conseguiu dentro dos relvados já não foi capaz de replicar a partir do banco. É verdade que, enquanto treinador do Castilla (segunda equipa do Real Madrid) ainda conquistou o campeonato da II divisão, em 1984, mas a passagem pelo banco da formação principal foi efémera, não conseguindo completar sequer uma temporada (a de 1984-85).

Esse período da sua vida ficaria marcado pelo aparecimento da Quinta del Buitre, uma das gerações mais talentosas do futebol do clube (incluía Emilio Butragueño, Michel, Sanchis, Martinz Vazquez e Pardeza) e que Amancio ajudou a promover ainda no Castilla.

O reconhecimento pelo contributo que, ao longo dos anos, foi dando ao Real Madrid chegou em 2022, ano em que sucedeu a Paco Gento como presidente honorário do clube. Foi uma eleição por unanimidade em assembleia geral extraordinária, que coroou um símbolo do madridismo e do desporto espanhol, dimensão patente na medalha de ouro da Real Ordem do Mérito Desportivo que também lhe foi atribuída.

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