Arquitectura
Na Trofa, de um pomar brotou uma casa com um pátio pelo meio
Construída na Trofa, esta casa unifamiliar destaca-se pelo traçado longitudinal e o pátio no meio como solução para a privacidade que se perdia pelos prédios à volta. Um projecto do atelier LIMIT Studio.
Foi num terreno de cultivo sem utilidade que nasceu a casa Middleyard. As árvores deram lugar às paredes e os frutos aos moradores. Com traços modernos e no meio de grandes edifícios, esta moradia destaca-se pelo formato em C, “virando as costas à envolvente e voltando-se para um pátio interior que se abre apenas numa zona desafogada”, explica, ao P3, Tomé Capa, arquitecto do atelier LIMIT Studio.
A construção desta habitação na Trofa surgiu do contacto do cliente. O casal em questão pretendia construir uma casa do zero. O primeiro passo foi conhecer o terreno que os clientes tinham para apresentar: um espaço rectangular e esguio, com pouca largura e que apenas permitia construções em altura ou sobre o comprido. Como um dos requisitos dos clientes era que não existissem degraus, criou-se um desenho que “separava a casa em duas secções: a zona comum com a sala e a cozinha no fundo do terreno e a zona privada com os quartos na frente". E a unir as duas zonas, um "longo corredor". No meio, implementaram um cilindro alto que serve como “zona de ligação” e que, além de entrada, “tinha como objectivo servir de escritório informal”, relata o arquitecto.
Apesar dos desejos que, por vezes, o cliente tem, para Tomé Capa conciliar as duas visões foi bastante fácil, já que as duas se completavam “por o projecto ser feito para o cliente”. “Queriam algo onde pudessem fazer vida e, como tal, mostraram-se, desde o início, bastante aberto a todas as nossas sugestões.” A escolha de materiais “foi um pouco condicionada pelo orçamento”, o que os levou a "deixar de fora pormenores em madeira" e incluir “todos os detalhes em branco", criando "uma harmonização de todo o espaço”, relembra o arquitecto.
Um aspecto característico desta construção é o pátio exterior. Constituído por piscina e churrasqueira, pretendia-se que “a família tivesse privacidade ao usufruir deste espaço” e, para tal”, foi construído na zona do meio da casa – “e não nas traseiras, como estamos habituados”. Isto permitiu evitar “olhares alheios dos edifícios altos à volta”. Este pormenor, que deu nome ao projecto, jogou a favor da exposição solar da casa já que, onde se encontra, está voltado a sudeste. Outro ponto que se destaca são as janelas nas zonas “com contacto com o pátio”, a sala, cozinha e corredor, que se abrem “de forma estratégica como se de “um grande pano de vidro” se tratasse, “tornando o exterior parte integrante da casa interior”.
Contrariamente ao “traçado normal”, a casa Middleyard conta, ainda, com uma lavandaria na zona dos quartos, como forma de facilitar o acesso ao mesmo. “Como por norma é nesta zona que andamos às voltas com a roupa, com esta disposição evitamos andar a passeá-la pela casa.”
Tem, ainda, uma kitchenette, para promover a “harmonia entre todos os membros da família” e facilitar “momentos de convívio”. Olhando para o projecto final, para o arquitecto o que mais "salta à vista é o longo e complexo percurso que resultou em algo tão positivo" para todos.
Texto editado por Amanda Ribeiro