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“O amor está em toda a parte – basta olhar em volta”
O fotolivro Love Story, editado recentemente pela Hoxton Mini Press, "não é um compêndio exaustivo de todos os tipos de amor possíveis", mas anda lá perto.
"Muitas representações do amor ainda tendem a cumprir uma lista de características pouco originais", refere Rachel Segal Hamilton, redactora e editora de fotografia do Royal Photographic Society Journal, no texto introdutório do livro Love Story, publicado a 9 de Fevereiro e que inclui imagens realizadas por 23 fotógrafos que exploram a imagem para além dessa visão. Porque o amor não é exclusivamente "jovem, branco, sem deficiência, convencionalmente atraente, heterossexual e cis", reforça.
A fotógrafa canadiana Hilary Gauld realizou retratos de pessoas com síndrome de Down; Jess T. Dugam retratou pessoas queer, não-binárias e trans e as suas relações. Mirja Maria Thiel apontou a lente às relações amorosas entre pessoas seniores "para mudar a narrativa em torno do envelhecimento e do desejo nos casais idosos". Não ficam de fora os casais que se conheceram no Tinder ou Grindr, o poliamor, o amor fraterno, parental e mesmo as simples relações de amizade ou aquelas que se estabelecem com animais de companhia.
A norte-americana Deanna Dikeman elaborou um conjunto de imagens que retrata a sua família e o natural processo de afastamento entre pais e filhos, ditado pela idade. Descreve os progenitores como o seu "primeiro grande amor". Ed Templeton fotografou, ao longo de mais de dez anos, nos Estados Unidos, Europa, África do Sul e Rússia, os beijos trocados adolescentes para recordar a volúpia e o desejo das primeiras interacções. As demonstrações públicas de afecto em Nova Iorque não escaparam à mirada de Mikaël Theimer, que, a preto e branco, compilou momentos fugazes de afecto entre duas pessoas apaixonadas em espaço público.
Numa abordagem menos convencional, o fotógrafo residente em Nova Iorque Richard Renaldi pediu a estranhos que se deixassem fotografar em situação de proximidade; as imagens de Touching Strangers podem ser, para muitos, "desconfortáveis", "incómodas". O amor entre pessoas de diferentes países "não pode ser travado por fronteiras ou regras estranhas", refere Roland Schmid, cujo projecto Cross-Border Love integra Love Story e já conheceu publicação no P3. A dupla de fotógrafos londrina Rona Bar e Ofek Avshalom, conhecida por Fotómetro, retratou, igualmente, casais que a pandemia tentou, sem sucesso, desunir.
O fim trágico de uma relação, motivado pela doença prolongada e morte de um dos elementos do casal, neste caso dos pais do fotógrafo Paddy Summerfield, encerra Love Story. De uma forma ou de outra, "o amor está em toda a parte", conclui Hamilton."Para vê-lo, basta que olhemos em volta."