Nikki Haley anuncia candidatura à Casa Branca
A ex-embaixadora norte-americana na ONU é a primeira adversária oficial de Donald Trump pela nomeação republicana para as presidenciais de 2024.
Nikki Haley, ex-governadora e ex-embaixadora dos EUA na ONU, apresentou esta terça-feira a candidatura às primárias do Partido Republicano para chegar à presidência, em 2024. A antiga aliada de Donald Trump passa, a partir de agora, a ser a sua primeira grande adversária dentro do partido.
A candidatura foi apresentada através de um vídeo de três minutos publicado no Twitter por Haley, que propõe uma “mudança geracional”. “Algumas pessoas olham para a América e vêem vulnerabilidade”, afirma a ex-embaixadora, nomeando a “esquerda socialista”, a China e a Rússia como adversários dos EUA.
“Todos eles pensam que podemos ser intimidados, pontapeados. Devem ficar a saber isto sobre mim: eu não aturo rufias. E quando se pontapeia de volta, dói-lhes mais a eles se estiver a usar sapatos de saltos altos”, afirma Haley, que foi governadora da Carolina do Sul entre 2011 e 2017 antes de ser nomeada embaixadora dos EUA na ONU por Trump, cargo que exerceu durante dois anos.
Num assunto que tem servido como linha divisória no Partido Republicano, Haley foi crítica dos esforços das alas mais próximas de Trump para reverter judicialmente o resultado das eleições de 2020 e, no dia seguinte à invasão do Capitólio, disse que as acções do ex-Presidente seriam “julgadas duramente pela História”.
Durante o tempo em que esteve nas Nações Unidas, Haley ficou conhecida pela defesa firme das posições da Administração Trump na arena internacional e foi durante esse período que os EUA abandonaram o acordo sobre o programa nuclear iraniano. Ao contrário de muitos aliados de Trump durante o seu mandato na Casa Branca, Haley não caiu em desgraça, nem foi abertamente criticada pelo então Presidente.
O New York Times escreve que o facto de Trump não ter ainda enunciado qualquer tipo de nome insultuoso para se referir à ex-embaixadora pode significar um “respeito latente”, mas também a “percepção de que não seja uma ameaça de grande envergadura”. No entanto, no início do mês, o ex-Presidente deixou uma crítica implícita à antiga aliada, recordando a promessa que ela tinha feito de não se candidatar contra si. “A Nikki tem de seguir o seu coração, e não a sua honra. Ela deve candidatar-se, definitivamente!”, escreveu Trump na sua plataforma Truth Social.
Haley, de 51 anos, é filha de dois imigrantes indianos que se fixaram nos EUA e foi educada como sikh, acabando por se converter ao cristianismo quando se casou, aos 24 anos. É vista como uma conservadora com capacidade para dialogar com sectores mais moderados, sobretudo em temas polarizadores, como o género ou a raça, segundo a Reuters. Quando era governadora da Carolina do Sul, Haley encabeçou o movimento que levou à retirada da bandeira da Confederação dos terrenos do Capitólio estadual, depois de um supremacista branco ter matado nove negros numa igreja em Charleston.
O anúncio da candidatura não foi propriamente uma surpresa, uma vez que há já algumas semanas que se previa que Haley pudesse avançar. O optimismo em torno da sua candidatura baseia-se nas sondagens que põem em causa o favoritismo de Trump num cenário em que a disputa pela nomeação seja feita entre vários candidatos. Ainda assim, Haley aparece nos estudos de opinião com níveis baixos de popularidade, mostrando que a batalha pela notoriedade será longa e dura nos próximos meses.
É expectável que nas próximas semanas o número de adversários de Trump pela nomeação republicana aumente. Entre os nomes mais referidos estão o do governador da Florida, Ron DeSantis, do ex-vice-presidente, Mike Pence, do senador Tim Scott, do governador de New Hampshire, Chris Sununu, e do ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson.