CDU vence eleições em Berlim, mas pode não conseguir formar governo

Projecções apontam para vitória considerável dos conservadores e queda do SPD. Coligação SPD-Verdes-Die Linke pode, ainda assim, obter maioria para continuar a governar a capital alemã.

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“Berlim escolheu a mudança”, reagiu o cabeça-de-lista da CDU, Kai Wegner EPA/CLEMENS BILAN

A União Democrata Cristã (CDU) confirmou o favoritismo dos últimos meses e foi o partido mais votado na repetição das eleições em Berlim, neste domingo, segundo as projecções da televisão pública ZDF, que atribuem 28% dos votos ao partido conservador.

São quase mais dez pontos percentuais em comparação com o resultado alcançado em 2021 – anulado, porém, pelo Tribunal Constitucional, por causa do “caos” na capital alemã no dia dessas eleições – e representam uma importante demonstração de força da CDU.

“Berlim escolheu a mudança”, reagiu o cabeça-de-lista da CDU, Kai Wegner, citado pela Reuters.

Ainda assim, não é certo que conservadores consigam assumir o governo de Berlim – que, além de cidade, é um dos 16 estados federados do país –, uma vez que, de acordo com as sondagens, a actual coligação poderá conseguir manter a maioria parlamentar.

Apesar de ter obtido um resultado “amargo” – nas palavras da líder do executivo, Franziska Giffey –, o Partido Social Democrata (SPD) está numa situação de empate técnico com os Verdes. Segundo a ZDF, têm ambos cerca de 18%.

Juntando a estes dois partidos o Die Linke (A Esquerda), que aponta aos 12,7%, será possível repetir a coligação a três.

Resta, no entanto, saber se Giffey sente ter condições para convocar os restantes parceiros de coligação para nova solução governativa, até porque caso os Verdes fiquem em segundo lugar, a cabeça-de-lista dos ecologistas, Bettina Jarasch, poderá ter argumentos para querer assumir ela o cargo ainda ocupado pela social-democrata.

“Temos de ver, de forma muito clara, que esse resultado mostra que os berlinenses não estão satisfeitos. Querem que as coisas sejam diferentes”, assumiu Giffey.

Para além de apontar ao pior resultado em Berlim desde a II Guerra Mundial, o SPD é derrotado na capital numa altura em que o chanceler, Olaf Scholz, está a ser muito criticado, particularmente por causa dos problemas na implementação dos planos de ajuda militar à Ucrânia e das promessas ambiciosas que fez no campo da Defesa, entre outros desafios.

Wegner revelou que vai convidar o SPD e os Verdes para negociações, mas nenhum dos dois estará muito interessado em coligar-se com a CDU.

Existe ainda a possibilidade, remota, de uma coligação com o FDP, mas, para isso, os liberais têm de conseguir os 5% de votos, a percentagem mínima para entrarem no parlamento local.

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