Ligação entre estações de Coimbra acaba em Janeiro. Movimento de cidadãos diz que “é um erro histórico”

No dia 12 de Janeiro de 2025, os comboios vão circular pela última vez no centro da cidade de Coimbra. O futuro da Estação Nova ainda é incerto.

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As obras do metrobus estão já perto da estação Coimbra B Adriano Miranda
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Era um fim anunciado há muito, mas agora há uma data: a ligação ferroviária entre as duas estações da cidade de Coimbra encerra no dia 12 de Janeiro próximo. A notícia foi divulgada na edição desta quinta-feira pelo Diário As Beiras e confirmada ao PÚBLICO por fonte da Metro Mondego. “As obras estão já muito avançadas junto à estação de Coimbra B, e por isso os trabalhos vão agora incidir no canal. E isso inviabiliza, como é evidente, a circulação ferroviária.”

Durante o período em que decorrem as obras, e até que fique pronto a funcionar o sistema de metrobus, a ligação entre estações será assegurada “por um serviço rodoviário alternativo, já contratado à empresa Vale do Ave”, adianta a mesma fonte. Porém, a empresa escusa a comprometer-se ou a revelar um período para esta solução alternativa, por não ser da sua responsabilidade. Na verdade, já foram vários os prazos apontados pela dona da obra, a IP – Infra-Estruturas de Portugal, mas o mais recente fixou em Março de 2025 o fim dos condicionamentos rodoviários junto à Estação de Coimbra B. A confirmar-se este prazo, quer dizer que a obra encerra um atraso de oito meses, face ao inicialmente previsto.

“Um erro histórico”, acusa movimento

Desde 2021 que o Movimento Cívico pela Estação Nova (também é assim designada a estação de Coimbra A, no centro da cidade) tem vindo a insurgir-se contra a morte anunciada daquele equipamento. Embora a ameaça de encerramento pairasse sobre a estação desde a década de 90 do século passado, quando despontou o projecto de metropolitano de superfície (que previa usar o Ramal da Lousã e fazer a ligação à estação de Coimbra B, afastada do centro da cidade), só se tornou verdadeiramente real há poucos anos, com a opção do metrobus. Desde então, o movimento tem vindo a promover reflexão e algumas acções em defesa da manutenção do espaço, bem como da ligação pela ferrovia.

“O encerramento é um erro histórico, no sentido em que é muito determinante para a cidade e para a região. E também por ser muito difícil de reverter”, disse ao PÚBLICO Luís Neto, porta-voz daquele movimento cívico. “Uma vez encerrada uma infra-estrutura pesada como esta, dificilmente se voltará a implementar”, sublinha. Ainda assim, este grupo de cidadãos continua a acreditar que, “até encerrar, ainda é possível manter a esperança. Não seria a primeira vez em Portugal que uma coisa destas é dada como garantida e depois, por qualquer motivo, acaba por ser alterada”.

Até ao final da tarde desta quinta-feira, o movimento ainda não se tinha reunido para decidir se haverá alguma acção nos próximos dias, perante o anúncio de uma data, no caso o dia 12 de Janeiro, segundo domingo de 2025.

O fim do funcionamento da Estação Nova abre de novo a discussão sobre o futuro daquele espaço. O actual executivo da Câmara de Coimbra manteve-se crítico em relação ao traçado do metrobus, mas nunca questionou o encerramento de Coimbra A. A vereadora dos Transportes e Mobilidade, Ana Bastos, inclina-se para lhe atribuir algum fim cultural, atendendo até à beleza do edifício. Já o presidente da câmara, José Manuel Silva, não se compromete com uma solução, aventando sempre a auscultação da população para lhe dar qualquer fim.

Uma das alterações na ligação entre Coimbra A e Coimbra B, assegurada a partir de Janeiro pelo Sistema de Mobilidade do Mondego, é a criação de paragens entre os dois pontos. Actualmente, a ligação ferroviária é directa. Mas quando o metrobus circular, haverá entre eles três paragens: Casa do Sal, Açude e Arnado.

Também o número de viagens por dia deverá aumentar. Actualmente, os comboios fazem uma média de três viagens por hora no troço rodoviário entre as duas estações. Porém, a Metro Mondego prevê fazer essa ligação a cada cinco minutos, nos dois sentidos. O serviço será espaçado para dez minutos em horas de menor afluência de passageiros.

O Sistema de Mobilidade do Mondego em modo metrobus irá servir os concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra, com uma operação suburbana entre Serpins (Lousã) e Portagem (Coimbra) e outra urbana, no centro da cidade.

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