FC Porto volta a sair por cima no “clássico”

Num jogo com novidades nos “onzes” e várias mudanças de figurino, os “dragões” venceram o Sporting, em Alvalade, e repuseram a desvantagem de cinco pontos face ao líder.

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Uribe marcou o primeiro golo do triunfo do FC Porto Reuters/RODRIGO ANTUNES

Alguém perguntou a Rúben Amorim na conferência de imprensa se Sérgio Conceição era a sua kriptonite, dado o historial recente favorável ao FC Porto nos confrontos com o Sporting. Amorim respondeu que o que guardava desses confrontos não eram as derrotas, mas sim os bons momentos. Neste domingo, no terceiro “clássico” da época, Amorim pode ter-se sentido orgulhoso dos bons momentos que os “leões” tiveram, mas Sérgio Conceição também tem motivos para se orgulhar da grande máquina competitiva que tem em mãos.

Num jogo em que empate era igual a derrota, o campeão nacional nem sempre foi a melhor a equipa, mas foi quase sempre a mais madura e competitiva, e acabou por vencer por 1-2, voltando a estar a cinco pontos do líder Benfica. Já o Sporting, com todos os bons momentos que teve no “clássico”, voltou a perdê-lo (foi a sua sexta derrota no campeonato) e vai ficando cada vez mais longe dos dois primeiros e do apuramento directo para a Liga dos Campeões - o Benfica já está a 15 e o FC Porto a 10 pontos.

Sporting e FC Porto não se apresentaram da forma habitual, mas por razões diferentes. Com toda a gente disponível, Rúben Amorim mudou bastante, com a promoção à titularidade de Fatawu e Bellerín nas alas, mais a ausência de Morita (o japonês nem no banco esteve), mantendo Chermiti no “onze” quando já tinha Paulinho disponível. Como o próprio diria, dinâmicas individuais diferentes para o mesmo sistema. Sérgio Conceição, por seu lado, teve de lidar com muitas ausências e, sem poder contar com Otávio ou Eustáquio, entregou o meio-campo a Grujic, Uribe e André Franco.

O que o jogo começou por mostrar foi um Sporting mais proactivo na busca do golo, criando várias oportunidades, mas a pecar na finalização. Aos 20’, Edwards atirou ao lado após um cruzamento atrasado de Matheus Reis e, três minutos depois, foi Trincão a desperdiçar um passe de Bellerín. Aos 26’, Edwards voltou a ter um bom remate que saiu por cima após iniciativa individual.

Depois de meia hora a aguentar as investidas do adversário, o FC Porto mostrou-se finalmente no ataque e, aos 33’, teve uma dupla oportunidade na mesma jogada. Taremi conseguiu, pela primeira vez, ganhar espaço na área e acertou na trave, num remate de recurso. Na recarga, Marcano cabeceou por cima, com a baliza à mercê.

Mudanças permanentes

Rúben Amorim não esperou pelo intervalo para mudar. Mandou Paulinho para o campo, para fazer companhia a Chermiti, tirando Trincão da equipa (o técnico explicaria mais tarde que o extremo se tem debatido com uma amigdalite). O objectivo era ter mais presença na área, fixar os centrais portistas, e os “leões” foram cumprindo o plano.

Até ao intervalo, o Sporting voltou a ameaçar a baliza de Diogo Costa em mais um par de ocasiões. Chermiti teve um remate que ia na direcção da baliza, mas bateu em Marcano, e Edwards, na marcação de um livre directo a punir falta sobre Pedro Gonçalves, quase marcou, mas Diogo Costa defendeu.

Na segunda parte, o jogo mudou de sentido. Amorim tirou Fatawu para a entrada de Nuno Santos e, pouco depois, lançou Esgaio para o lugar de Bellerín. Mas foi o FC Porto, equipa mais adulta e experiente, a entrar melhor, passando a controlar com outra eficácia o jogo à largura do Sporting, ao mesmo tempo que se ia aproximando da baliza.

O equilíbrio no resultado foi quebrado aos 60’. A bola chega a Uribe à entrada da área leonina e Ugarte, na tentativa de o desarmar, acaba por a colocar atrás da sua linha defensiva. O médio colombiano do FC Porto ultrapassou Gonçalo Inácio e, na cara de Adán, não falhou.

Amorim voltou a tentar baralhar, tirando Esgaio do jogo depois de estar apenas 15 minutos em campo, para fazer entrar Arthur e ganhar mais amplitude no ataque. Mas os minutos imediatamente após o golo de Uribe foram os piores do Sporting no jogo, incapaz de lidar com a calma de um adversário mais do que habituado a gerir estas situações-limite. Sérgio Conceição foi dotando a sua equipa de maior capacidade defensiva para os últimos minutos e pouco permitiu ao rival.

Os “leões” ainda tiveram uma injecção de energia em cima dos 90’. Chermiti chegou a festejar o golo do empate, após recarga a uma primeira defesa de Diogo Costa, mas o lance acabaria por ser bem anulado por fora-de-jogo. Já no tempo de compensação, quando o Sporting ainda procurava o empate, o FC Porto fez o 0-2. Toni Martínez ganhou uma bola pelo ar após um pontapé de baliza e direccionou a jogada para Pepê. Com muita classe, o brasileiro superou Coates e picou a bola por cima de Adán.

Quase na resposta, o Sporting ainda conseguiu reduzir, com Chermiti a cabecear para o fundo da baliza portista, após um cruzamento de Arthur para o segundo poste - foi o segundo golo do jovem avançado, mais uma vez um dos melhores dos “leões”, depois de ter marcado em Vila do Conde. E o Sporting ainda dispôs de uma bola perigosa num canto em que até Adán subiu à área contrária - o espanhol ganhou nas alturas, mas impediu que a bola chegasse a Diomandé, mais bem posicionado para cabecear.

O jogo acabou pouco depois, confirmando que o FC Porto, mesmo limitado nas opções (e havia muitas ausências), tem uma mentalidade competitiva à prova de lesões. Como disse Conceição, só precisa de ter 11 em campo e mais uns quantos no banco. Quanto ao Sporting, vai crescendo em campo, também porque Amorim vai testando coisas novas (e jogadores novos), mas não escapa às dores desse crescimento, as derrotas.

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