Costa defende missão portuguesa na RCA mesmo após a saída das tropas francesas

O primeiro ministros visitou as tropas nacionais pela terceira vez em Bangui e disse ter sempre testemunhado “o grande apreço manifestado pelas autoridades locais, assim como pelas Nações Unidas”.

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António Costa esteve na República Centro-Africana LUSA/RODRIGO ANTUNES

O primeiro-ministro considerou esta sexta-feira que a missão militar portuguesa na República Centro Africana (RCA) constituiu um importante factor de credibilização das Forças Armadas e defendeu que estão garantidas as condições operacionais após a saída das tropas francesas.

António Costa falava aos militares da 12ª Força Nacional Destacada, que é composta por 125 elementos, depois de ter sido recebido no campo de Bangui com honras militares e de ter tirado uma fotografia de família.

Após um breve briefing sobre as condições logísticas da missão militar nacional em Bangui, o líder do executivo, no seu discurso, no início de um lanche com as tropas portuguesas, defendeu a presença das Forças Armadas na RCA, mesmo após a saída das forças francesas no final do ano passado.

Em Outubro passado, saíram da RCA os últimos 130 militares da missão logística francesa, após 62 anos de presença contínua. A França acusa as autoridades de Bangui de estarem aliadas ao grupo privado de mercenários russos, Wagner, ligado ao Presidente Vladimir Putin.

"Esta missão portuguesa, que se iniciou em 2017, era nova no que respeita ao tipo das missões nacionais destacadas portuguesas. Mas tem sido ao longo destes anos um factor de credibilização e de prestígio das nossas Forças Armas", sustentou, tendo ao seu lado a ministra da Defesa, Helena Carreiras.

António Costa referiu que está a visitar as tropas nacionais pela terceira vez em Bangui e disse ter sempre testemunhado "o grande apreço manifestado pelas autoridades locais, assim como pelas Nações Unidas".

"Há claramente uma diferença que tem a ver com a competência das nossas Forças Armadas, com a formação que é ministrada, com o aprontamento que é feito, mas, também, como a forma como os portugueses assumem as missões que desempenham", salientou, sem nunca se referir à Operação Miríade, que investigou a rede que se dedicava ao tráfico de diamantes, ouro e droga, assim como ao branqueamento de capitais, em missões da ONU na República Centro-Africana.

O primeiro-ministro observou depois que estava para visitar o contingente português em Bangui por ocasião do Natal passado, mas não foi possível "por circunstâncias várias".

"No final do ano, alteraram-se significativamente as condições de desempenho das Forças Armadas com a partida das tropas francesas. Foi necessário que as Nações Unidas assumissem um novo papel no conjunto deste campo, garantindo as condições necessárias ao prosseguimento da missão e as relações com a RCA. Felizmente, essas condições estão preenchidas", advogou.

António Costa falou ainda de um novo campo que está previsto para a instalação das forças destacadas nacionais na RCA. "Vão passá-lo aos vossos camaradas que vos renderão em Maio", completou. No plano político, o primeiro-ministro defendeu a tese de que a independência de Portugal "começa a defender-se fora das fronteiras".

"É sempre um motivo de grande orgulho para um primeiro-ministro chegar onde quer que seja, na Lituânia, na Roménia, ou no Afeganistão, Iraque, ou RCA e ouvir das autoridades locais ou das instituições multilaterais dizerem que estamos muito agradecidos pelo que os portugueses fazem. Aqui, na RCA, quer o Presidente da República, quer a alta representante do secretário-geral das Nações Unidas, elogiaram as forças portuguesas", realçou.

O líder do executivo citou ainda a alta representante do secretário-geral das Nações Unidas, Valentine Sendanyoye Rugwabiza, do Ruanda: "O grande teste é mesmo saber o que dizem as populações relativamente às tropas que estão cá".

"O que todos nos transmitiram é que, quando há algum problema, sente-se um alívio quando se sabe que quem lá vai são os portugueses", acrescentou, ainda citando a responsável das Nações.

Os militares portugueses ofereceram a António Costa e à ministra da Defesa uma cresta do contingente. O primeiro-ministro recebeu também do comandante, o major general Gonçalves Soares, uma medalha.