Um hospital público italiano, o Sandro Pertini de Roma, enfrenta uma investigação por homicídio involuntário depois de um recém-nascido, com três dias, ter morrido sob o corpo da mãe, que adormeceu enquanto lhe dava de mamar.
A acrescentar à investigação do Ministério Público, tanto a mulher como a sua família acusam a clínica de a ter obrigado a ficar com o bebé no quarto, onde se encontravam outras três parturientes, em vez de zelarem pela segurança do recém-nascido no berçário, enquanto a mãe descansava. O trabalho de parto prolongou-se por 17 horas.
“Não só pedi repetidamente ajuda às enfermeiras, para que, vendo como eu estava cansada, tomassem conta do bebé no berçário, como as minhas três colegas de quarto fizeram o mesmo para o bem dos seus bebés. Mas a resposta foi sempre a mesma: não é possível. Uma até foi repreendida por uma auxiliar só porque tinha segurado no meu bebé enquanto eu ia à casa de banho”, recordou a mulher, em declarações ao Corriere della Sera.
A avó do bebé, que diz ter visto o rapaz apenas durante uns poucos minutos, declarou ter repreendido as enfermeiras: “Quando dei à luz, os bebés eram sempre mantidos no berçário e dados às mães apenas por um curto período, precisamente porque as mães estão exaustas após o parto.”
A clínica diz que a parturiente assinou documentação, quando foi admitida na unidade, a concordar com a permanência com o bebé. A mulher diz não se recordar de ter assinado qualquer papel, recordando ter tido um trabalho de parto complicado.
A prática de alojamento conjunto é aconselhada para promover a amamentação e os laços entre recém-nascido e mãe. “A partilha de cama entre uma mãe alerta e uma criança saudável, colocada numa posição segura, é um facto natural, prático e indiscutível”, dizem especialistas citados pelo jornal italiano, que vão ao encontro de vários estudos sobre a temática e as directivas de saúde internacionais.
No entanto, ressalva-se que existem limites para confiar um recém-nascido aos cuidados exclusivos da mãe. Nomeadamente, a situação de dormir na mesma cama, tida como insegura, pelo menos nos primeiros seis meses de vida.
De acordo com as regras da maternidade romana, pessoal do hospital deveria ter estado vigilante, assegurando-se de que, após o período da amamentação, o recém-nascido seria colocado no berço. Mais ainda depois do pedido para que o bebé fosse levado para o berçário, devido ao estado de exaustão da mãe.
Entretanto, o Ministério da Saúde italiano pediu um relatório sobre o incidente e foi criada uma petição a exigir melhores cuidados pós-natais, o fim da violência obstétrica e o levantamento das limitações às visitas criadas a propósito da pandemia. O formulário online já reuniu quase 150 mil assinaturas.
Artigo corrigido às 19h30. O hospital foi identificado como uma unidade privada no artigo original, mas integra a rede de saúde pública