Artes
Ana conta histórias de família em recortes de papel
Ana Papercut é um projecto onde, através de papel e acessórios de recorte, Ana Fernandes dá vida a ilustrações que contam histórias e decoram casas.
Estávamos em 2009 quando Ana Teresa Fernandes, designer de comunicação, descobriu a técnica manual de recorte ou o papercut. Depois de se deparar com “Elsa Moura, uma actriz cubana que desenvolve trabalhos à volta do papel recortado”, Ana começou a seguir mais artistas, nomeadamente “como asiáticos ou mexicanos que também praticam esta técnica”. Para Ana, foi tudo muito visual: “Fui vendo, experimentando e criando a minha linguagem e a minha temática dentro da técnica”, conta ao P3.
Este contacto com um método novo levou Ana a aperfeiçoar o que criava com o papel e a tesoura e encontrou no papercut um trabalho “tão detalhado e que exige tanta concentração que se torna quase meditativo”, trazendo “calma e disciplina na elaboração dos trabalhos".
Numa fase avançada de prática, começou a publicar no Facebook as ilustrações e “alguns amigos começaram a reagir e a dizer que queriam algo daquele género para o quarto ou para a sala” ou até mesmo para assinalar datas como o nascimento de um bebé ou o casamento. “Havia procura, havia interesse e eu tinha a oferta”, recorda a designer de comunicação.
Assim nasceu, em 2015, o Ana Papercut, um projecto que consiste em “criar ilustrações recorrendo à técnica de recorte de papel apenas com uma folha de papel e ferramentas de recorte como tesoura e x-acto”.
As temáticas variam, mas as mais usadas são “a família e as relações humanas” por permitirem criar “figuras que ajudam a contar histórias”, explicou Ana Teresa. No entanto, às ilustrações-base “que foram desenvolvidas aquando do lançamento do projecto", as pessoas podem sugerir e pedir ilustrações personalizadas. “Posso até colocar um pequeno texto, alterar uma menina para um menino, acrescentar alguns elementos ou até mesmo fazer algo completamente do zero.” O processo é sempre o mesmo: o cliente pede e Ana cria a ilustração digital para ser aprovada. Com o “sim” em mãos, passa-a, manualmente, para o papel e a partir daqui começa a recortar.
Para a artista, as ilustrações “já fazem parte da família, porque pediram uma ilustração quando se casaram, depois quando tiveram o primeiro filho e quando ficaram grávidos do segundo”. “Uma data, uma personagem, um pormenor tornam uma ilustração personalizada para aquela família, tornando-a parte da história de cada uma.”