“O principal princípio ético é ter vergonha”, defendeu Francisco Assis

“A vergonha também nos autolimita”, disse o presidente do CES, num jantar em Lisboa, sem se referir directamente aos casos do Governo.

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Francisco Assis fez várias afirmações que parecem dirigidas aos casos em torno do Governo Daniel Rocha

“Falar verdade”, “recusar falsificar a realidade”, “ter pudor, vergonha”, “porque a vergonha também nos autolimita”. Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social, não se referiu directamente aos acontecimentos recentes no Governo, mas a coisa estava implícita no discurso que fez num jantar promovido pela Saúde XXI, de Adalberto Campos Fernandes, esta terça-feira.

Assis afirmou que “o principal princípio ético é ter vergonha”, lembrando a morte da democracia grega ao fim de 200 anos. “Não quer dizer que a democracia esteja condenada a morrer, espero que não”, disse o presidente do Conselho Económico e Social e antigo líder parlamentar do PS, mas com o aviso: “Ou somos capazes de introduzir uma outra preocupação de rigor ou as democracias entram em crise.” Mesmo não se referindo directamente aos casos que têm abalado o Governo desde o Natal, ficou óbvia a intenção da frase.

Num fórum de Saúde, Assis foi muito crítico do SNS, afirmando que “a melhor forma de defender o Serviço Nacional de Saúde é não ignorar a realidade”, invocando vários números, nomeadamente o elevado nível de despesa que “as famílias fazem fora do SNS”. Assim, “como podemos falar de Serviço Nacional de Saúde universal e tendencialmente gratuito?”, interrogou. “Neste momento, há gravíssimos problemas com o SNS e a melhor maneira de o defender não é ignorando.”

Defendendo o conflito como essencial à democracia, Francisco Assis, porém, acha que “vivemos há demasiado tempo um clima de excessiva conflitualidade que se reflecte na incapacidade de nos entendermos minimamente no diagnóstico sobre o país”. E para o presidente do Conselho Económico e Social, “tem que se entrar num ciclo político – ou já ou a seguir a este – em que haverá uma discussão serena, racional, assente num estudo rigoroso” que possa resolver os problemas do país.

Assis, que Costa não quis nem no Parlamento nem no Governo, não fez críticas directas ao primeiro-ministro no momento mais difícil do executivo. Mas as indirectas foram mais ou menos claras.

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