Relatório de 2020 sobre obras da Metro do Porto indicava possibilidade de cheias

Documento refere possibilidade de cheias em casos de precipitação intensa, embora refira um impacte de “reduzida magnitude e pouco significativo”.

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No sábado, em menos de duas horas, houve 150 pedidos de ajuda no Grande Porto por causa da chuva Teresa Miranda

O Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) relativo à construção da Linha Rosa do metro do Porto identifica como uma "vulnerabilidade" a possibilidade de cheias devido ao desvio de condutas, mas com impacto reduzido.

O documento consultado pela Lusa, datado de Fevereiro de 2020, aponta a "obstrução temporária da rede de drenagem de águas pluviais e desvio provisório do escoamento, em especial decorrente do projecto do desvio do rio da Vila (com uma intervenção mais expressiva na rede de drenagem pluvial)".

"Esta situação representa uma vulnerabilidade pela possibilidade de originar cheias localizadas, em situação de precipitação intensa", pode ler-se no RECAPE.

No entanto, o documento refere que a situação representava "um impacte negativo, temporário, reversível, não sendo certo mas apenas eventual, de reduzida magnitude e pouco significativo".

Estudo prévio ignora problema

Estes "impactes adicionais" não estavam mencionados na fase de Estudo Prévio, em que "não se referiram impactes sobre linhas de água", aponta o documento.

O concelho do Porto registou, no sábado, em menos de duas horas, 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas, principalmente na baixa da cidade, disse naquele dia à Lusa fonte da Protecção Civil local.

O vice-presidente da câmara municipal, Filipe Araújo, destacou que a autarquia não estava preparada para o que se sucedeu na Rua Mouzinho da Silveira, perto da estação de São Bento e da Ribeira, e onde decorrem obras da Metro do Porto, considerando que as obras que estão a decorrer podem ter provocado alguma alteração.

Ao PÚBLICO, Filipe Araújo afirmou que as obras do metro são "a única variável nova" naquela zona da cidade onde nunca se tinha visto um fenómeno como o ocorrido no sábado.

Na sequência das enxurradas, a Metro do Porto pediu um estudo ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre as condições da empreitada da Linha Rosa, que decorre na baixa da cidade.

As obras na totalidade da nova Linha Rosa do Metro do Porto, incluindo nas estações de São Bento, Hospital Santo António, Galiza e Casa da Música, estão previstas para o final de 2024.