Trabalhadores dos portos desconvocam greve após reunião com Galamba
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias anunciou a desconvocação de uma greve que iria prolongar-se até 30 de Janeiro.
A greve dos trabalhadores das administrações portuárias, iniciada no mês passado e que iria prolongar-se até ao dia 30 de Janeiro, foi desconvocada depois de uma reunião entre o sindicato e o ministro das Infra-Estruturas, João Galamba. Segundo avança a Rádio Renascença, os trabalhadores afirmam que o Governo mostrou “abertura para o diálogo” e esperam que as suas reivindicações tenham resposta nos próximos três meses.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) tinha convocado uma greve de vários dias, planeada para se prolongar entre 22 de Dezembro e 30 de Janeiro, de forma intercalada, em todos os portos nacionais. A justificar o protesto estava a “ausência total de disponibilidade” por parte das administrações portuárias para dialogar sobre a proposta de revisão salarial apresentada pelos trabalhadores para 2023, argumentava o sindicato, que referia ainda terem sido feitos “vários pedidos de reunião” às administrações dos portos que não terão tido resposta.
Ao mesmo tempo, acusava o sindicato presidido por Serafim Gomes, não haveria abertura ao diálogo por parte do Ministério das Finanças, que não terá respondido aos pedidos de reunião feitos pelos trabalhadores.
Já do lado das administrações dos portos e do sector empresarial foram sendo feitos vários alertas quanto ao impacto que a greve nos portos já estava a ter sobre a economia, tendo em conta a impossibilidade de entrada e saída de matérias-primas, sobretudo alimentares.
Numa carta enviada ao Governo no mês passado, um grupo de sete entidades ligadas ao Porto de Leixões, um dos mais afectados pela greve, alertou para os “prejuízos” provocados pela paralisação, salientando que os utilizadores dos portos nacionais com maior capacidade já estariam “a desviar carga para Espanha e para outros portos internacionais”.
Por seu lado, a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) estimou que a greve terá tido um impacto entre 100 e 150 milhões de euros por dia sobre o comércio externo.
Foi neste contexto que, esta segunda-feira, os representantes do SNTAP se reuniram com o ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, para discutir as questões que levaram à greve. Contactado, o ministério não quis fazer comentários. Já o presidente do SNTAP, Serafim Gomes, anunciou a desconvocação da greve à saída da reunião com o governante. “Houve abertura para o diálogo”, disse o sindicalista, citado pela Rádio Renascença, acrescentando que o sindicato vai dar três meses ao Governo para que os compromissos estabelecidos sejam alcançados.
Para terça-feira está marcada uma nova reunião entre João Galamba e todas as estruturas sindicais representativas dos trabalhadores das administrações portuárias, “com vista à auscultação do sector marítimo-portuário”, informou o Ministério das Infra-Estruturas em comunicado enviado às redacções.