O Natal é feito de espera e de esperança

Embora à primeira vista pareça que não, o que fica mesmo nas memórias e no coração não são os presentes, mas sim as tradições, o entusiasmo, um passeio natalício ou cozinhar sonhos!

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No Natal, vamos mesmo tentar fugir da teia do consumismo maluco DR

Querida Mãe-avó!

Stop! Calma... respire fundo, conte até dez. Pense: quantos presentes já têm paŕa cada um dos meus filhos — não é preciso mais!

Sei que é difícil parar, que parece que tudo vale a pena para evitar um pequeno olhar de desilusão caso tenha sido o ninjago verde em vez do azul ou porque desde que fizeram a carta ao Pai Natal mudaram de pedidos. Não faz mal!

O Natal é feito de espera e de esperança, mas também de desilusão. Ou acha que Maria tinha imaginado o parto num estábulo? Felizmente, depois, o real é sempre melhor do que o imaginado... porque é real! E caso haja muita desilusão também não há drama, porque existe sempre esperança que o próximo seja melhor.

Mãe, a sério, vamos mesmo tentar fugir da teia do consumismo maluco porque, embora à primeira vista pareça que não, o que fica mesmo nas memórias e no coração não são os presentes, mas sim as tradições, o entusiasmo, um passeio natalício ou cozinhar sonhos!

Vamos subir ao Castelo dos Mouros, o nosso passeio de véspera de Natal de sempre?

Bjs!


Querida Ana,

Vamos decididamente ao passeio! E para os arrancar do sofá e dos telemóveis associo-lhe um desafio: cada um tem de encontrar alguma coisa para o Presépio: um pau bonito, uma camélia caída da árvore mas ainda perfeita, uma pedra com um formato ou um brilho especial, a casca cheia de picos de uma castanha.

Quanto a resistir à tentação de procurar sempre mais um presente, porque fico com a sensação de que nunca chegam, obrigada pela tua carta e conselhos. Tens toda a razão, temos de ter menos medo da desilusão.

Tragam gorros e cachecóis. E, claro, um saco para os tesouros.

Até já.


O Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam.

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