Taxa sobre lucros excessivos pode custar 100 milhões à Galp

O impacto da nova taxa aprovada esta semana representa um nono do valor que a petrolífera vai pagar aos accionistas, incluindo o Estado, em 2023.

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A taxa abrangerá a actividade de refinação e venda de combustíveis da Galp Adriano Miranda

A Galp, visada pela nova taxa sobre os lucros excessivos do sector energético aprovada esta semana no Parlamento, avisou os investidores de que a medida poderá custar-lhe 100 milhões de euros este ano.

A nova taxa “poderá ser aplicada às actividades de refinação e de comercialização da Galp em Portugal”, incidindo sobre os anos de 2022 e 2023, adiantou a petrolífera em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Numa análise preliminar, esta nova taxa poderá potencialmente impactar a empresa em até 100 milhões de euros no que diz respeito ao ano fiscal de 2022”, refere a Galp, que, com a saída de Andy Brown, passa a ser presidida pelo actual administrador financeiro, Filipe Silva.

Nos primeiros nove meses deste ano, o lucro da Galp atingiu 608 milhões de euros, um valor que supera em 86% os 327 milhões de euros atingidos até Setembro de 2021.

Como noticiou o Observador, numa apresentação a investidores, a Galp revelou que a remuneração accionista referente a 2022 deverá atingir cerca de 900 milhões de euros, nove vezes mais do que o valor que a empresa poderá ter de entregar aos cofres do Estado (que também é seu accionista, com uma participação de 7% detida através da Parpública).

De acordo com a apresentação disponibilizada no site da Galp, estes 900 milhões de euros dividem-se entre dividendos (52 cêntimos por acção) e recompra de acções.

Depois de concluir o programa de recompra referente ao ano fiscal de 2021 – no valor de 150 milhões de euros –, a empresa vai reforçar este plano para um montante de 500 milhões de euros (a executar em 2023, mas financiado com os 2800 milhões de euros de capital liberto pelas operações em 2022), que se somam a mais de 400 milhões de euros a pagar a título de dividendo do exercício (uma parte foi paga em Setembro e a outra será liquidada a seguir à assembleia geral de accionistas de 2023, agendada para 3 de Maio).

Embora a actividade mais lucrativa da Galp não esteja localizada em Portugal e sim no Brasil, onde a empresa explora e produz petróleo e gás (e onde paga os respectivos impostos), a actividade de refinação em Sines tem beneficiado de melhores margens – ou seja, do valor que é extraído por cada barril equivalente de petróleo – graças ao aumento das cotações do crude registado em 2022.

De acordo com os dados divulgados em Setembro, a margem de refinação dos primeiros nove meses foi de 12,4 dólares por barril, quase o quíntuplo dos 2,8 dólares registados em igual período de 2021.

Nestes nove meses, o total de produtos petrolíferos fornecidos pela única refinaria do país subiu 9% em termos homólogos, para 12,1 milhões de toneladas, devido à “crescente procura no mercado ibérico”.

Graças “a um maior contributo das actividades de refinaria”, o lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) desta área de negócio subiu para 333 milhões de euros.

Mas, do EBITDA total até Setembro, que foi de 2897 milhões de euros, a fatia de leão, ou seja 2292 milhões de euros, diz respeito às actividades de produção de petróleo e gás natural.

Outros 256 milhões de euros provêm da actividade comercial (nomeadamente a venda de electricidade, gás e produtos petrolíferos, em que se incluem a venda de combustíveis nos quase 1500 postos na Península Ibérica, mas também os abastecimentos para aviação e transporte marítimo).

As renováveis e outros negócios ainda representam apenas 34 milhões de euros no conjunto da actividade.

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