Marcelo elogia “composição variada” da AR e diz que “não há poderes absolutos”
Presidente da Assembleia da República e líderes parlamentares apresentaram cumprimentos de boas festas ao Presidente da República.
Na primeira cerimónia de apresentação de cumprimentos de boas festas de deputados eleitos na actual legislatura ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a actual diversidade de “formulações políticas” na Assembleia da República e salientou a interdependência dos poderes.
Perante o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e restantes elementos da mesa, a ministra adjunta dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e os líderes parlamentares, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “a democracia está firme” na “multiplicidade” do Parlamento, apesar de ter “enfrentado desafios difíceis”.
Na sala dos embaixadores, onde na quarta-feira o Governo também apresentou cumprimentos de boas festas, o chefe de Estado referiu-se à actual “composição variada de formulações políticas”, que será uma das mais diversas da Assembleia da República. “Isso é bom, não é mau, é bom”, disse, salientando que o trabalho feito em “contexto difícil e em curto lapso de tempo é apreciável”.
Dois orçamentos de estado – um dos quais chegará para promulgação nos próximos dias –, a abertura de um processo de revisão constitucional e de revisão do regimento foram alguns dos pontos dos trabalhos parlamentares desta legislatura referidos por Marcelo, sem esquecer a fiscalização do Governo e da administração pública, que “tem sido pública e notória”.
Falando dos meses “muito intensos” de trabalho parlamentar, o Presidente salientou que “nem o facto de existir uma maioria absoluta apagou essa vivência interna, o que é bom para a democracia”. Essa maioria parlamentar absoluta é uma realidade que o próprio assumiu não ter vivido ainda como protagonista político. Aliás, Marcelo lembrou que, com a saída do ex-líder do PCP Jerónimo de Sousa do Parlamento, ficou “solitário” como “o último constituinte, o último moicano”.
Depois do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, se ter referido à “separação e interdependência dos poderes”, citando mesmo o artigo 111.º da Constituição, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que essa divisão “mostra como todos os poderes estão interdependentes”. “Não há poderes absolutos. Isso é uma das riquezas das democracias”, disse depois de explicar, em jeito de lição, que como professor preferia a expressão "divisão de poderes", mas que não vingou.
Momentos antes, Santos Silva já tinha salientado a separação e a interdependência de poderes consagrados na Constituição como as “condições de complementaridade” entre os órgãos de soberania. E agradeceu a Marcelo “tudo o que fez em 2022” para que a complementaridade funcionasse, mas lembrou que o Governo “responde perante” a Assembleia da República.
Depois de o Presidente cumprimentar todos os elementos presentes, que incluíram também os deputados únicos do Livre e do PAN e membros da mesa da Assembleia da República, cumpriu-se a tradição e foi tirada a fotografia de família antes de terem seguido para o almoço.