Só três países da zona euro têm menor poder de compra do que Portugal
O produto interno bruto per capita em Portugal, expresso em paridades de poder de compra, caiu pelo segundo ano consecutivo em 2021 e situa-se agora em 75,1% da média da União Europeia.
A disparidade do poder de compra entre os cidadãos portugueses e os dos restantes países europeus acentuou-se no ano passado, e Portugal está, cada vez mais, entre os países com pior desempenho neste indicador. Na zona euro, que engloba 19 Estados, só três países têm menor poder de compra do que Portugal e, numa análise mais alargada, o poder de compra dos portugueses representa agora 75% da média da União Europeia.
Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, em 2021, o produto interno bruto (PIB) per capita em Portugal, expresso em paridades de poder de compra, se situou em 75,1% da média da União Europeia, valor que representa uma queda de 1,1 pontos percentuais em relação ao que tinha sido registado em 2020. Este indicador caiu pelo segundo ano consecutivo, estando agora no valor mais baixo desde que esta série estatística foi iniciada pelo INE, em 2009.
Portugal passa, assim, a ocupar a 20.ª posição na lista de paridade de poder de compra dos 27 países da União Europeia e o 16.º lugar entre os 19 países da zona euro. Neste último grupo, só Letónia, Eslováquia e Grécia estão piores do que Portugal.
No espectro oposto, o Luxemburgo mantém-se como o país com o maior poder de compra da Europa, com um indicador que representa mais do dobro da média europeia, seguido pela Irlanda, Noruega e Suíça (estes dois últimos não pertencentes à União Europeia). Entre o Luxemburgo e a Albânia (país com menor poder de compra da Europa, com um indicador que corresponde a 32,3% da média europeia), há 236 pontos percentuais de diferença.
Apesar da queda de Portugal relativamente à média europeia, a posição na lista está praticamente idêntica à do ano anterior: considerando apenas os países da zona euro, não há qualquer alteração; já considerando todos os países da União Europeia, Portugal foi apenas ultrapassado pela Polónia de um ano para o outro.
Ao mesmo tempo, em termos nominais, o PIB per capita de Portugal até aumentou 7,1% em 2021, uma evolução explicada pelo aumento nominal de 7% do PIB e pela ligeira redução da população em relação ao ano anterior.
Despesa de consumo individual em 83,6% da média
Para além disso, destaca o INE, estes são resultados que "devem ser analisados com prudência, particularmente em termos de evolução temporal, uma vez que, ao longo do tempo, se verificam alterações de diferente natureza, nomeadamente ao nível da selecção do cabaz comum de bens e serviços em comparação, dos métodos e fontes dos preços utilizados no exercício das paridades de poder de compra e da substituição de valores preliminares por definitivos da contabilidade nacional".
A isto acresce que a paridade de poder de compra mede, sobretudo, o nível de actividade económica. O indicador "mais apropriado para reflectir o bem-estar das famílias", explica o INE, será o da despesa de consumo individual, que também registou uma queda no ano passado, mas menos acentuado do que no caso do poder de compra.
Em 2021, este indicador situava-se, em Portugal, em 83,6% da média europeia, uma proporção ligeiramente abaixo dos 83,9% registados em 2020. Neste caso, Portugal ocupa o 12.º da lista de países da zona euro e o 16.º da União Europeia.