Em tempo de crise, padaria de Londres abre o seu Forno do Povo

É uma iniciativa aberta à comunidade: todos podem usar o forno da padaria e assim contornar os altos preços de gás e electricidade. Mas é também uma ideia de vida comunitária.

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Maisie Collins durante uma sessão do Forno do Povo REUTERS/Henry Nicholls

A padeira Maisie Collins abriu o seu forno industrial no leste de Londres para os residentes utilizarem, inspirando-se na tradição medieval de padarias comunitárias. Objectivo: ajudar as pessoas numa altura em que muitos estão com dificuldades em pagar as suas contas.

Para alguns dos mais pobres da Grã-Bretanha, a combinação do aumento dos preços do gás e da electricidade, a que se junta o aumento do custo dos alimentos, significa que ligar o forno se tornou um luxo este Inverno.

"Neste momento, algumas pessoas não podem de todo "ligar os seus fornos e têm de escolher entre se aquecerem ou comerem, o que é simplesmente ridículo", diz Collins, 31 anos.

A sua solução: "O Forno do Povo", um evento mensal onde os locais podem ir à padaria que ela montou há seis meses num antigo armazém perto de um canal em Hackney.

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A padeira ensina a fazer pão REUTERS/Henry Nicholls

Numa área onde estúdios de artistas e de design em velhos edifícios industriais convivem com blocos de apartamentos recentemente construídos, a padaria Hearth tem uma onda hipster.

Os brownies de chocolate vegan feitos com farinha de ervilha são um sucesso de vendas; as prateleiras estão cheias de garrafas e frascos com rótulos escritos à mão com ingredientes que estão na vanguarda da moda. Entre eles, vinagre de flor de sabugueiro, folhas secas de figo e açúcar chai.

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Hearth

Mas mesmo ao cimo da estrada situam-se também alguns dos bairros mais desfavorecidos da Grã-Bretanha e a Hearth é uma empresa social, o que significa que uma parte dos seus lucros será canalizada para projectos comunitários.

Ao promover o seu evento de forno aberto com bancos alimentares locais, Collins espera que aqueles que necessitam de instalações culinárias, de amizade e de um espaço acolhedor dêem nova vida à antiga ideia do forno medieval no centro da aldeia.

Annie Ren, 22 anos, que acaba de se mudar para a zona, aprendeu com Collins a fazer pão. "Vim aqui pela experiência, mas também para fazer amigos e encontrar uma vida comunitária no leste de Londres", disse Ren.

Andrea Moro, 33 anos, trouxe massa de pizza e toppings para partilhar com os outros visitantes.

"Penso que é uma coisa muito interessante por muitas, muitas razões", disse ele. "Com certeza para ajudar as pessoas a poupar algum dinheiro, mas também para criar uma espécie de comunidade na zona".