O FESTin volta para espalhar o cinema em português pelo mundo
É a 13.ª edição do festival que passa pela LX Factory, o Cinema São Jorge, o Museu das Comunicações, o Auditório Camões, em Lisboa.
À 13.ª edição, a missão do FESTin continua a mesma: "Levar a cinematografia em língua portuguesa para o mundo inteiro". Quem o diz é a co-directora Adriana Niemeyer, ao telefone com o PÚBLICO em vésperas do arranque do festival de cinema que começa esta sexta-feira e se prolonga até à próxima semana, acabando quarta-feira, dia 14. O início faz-se na LX Factory, às 19h, no Espaço Talante, dentro da livraria Ler Devagar, com uma sessão de quatro curtas-metragens brasileiras escolhidas por Antônio Grassi, o actor responsável pelo espaço, seguida de brinde.
Niemeyer espera que esta edição "dê continuidade a um trabalho que tem vindo a ser feito, que é de dar oportunidade a muita gente que não tem possibilidade de entrar num circuito comercial". Serão, desta vez, mostrados quase 40 filmes portugueses, brasileiros, santomenses e angolanos. Alguns dos convidados incluem Sandra Pimenta, Alexandra Lencastre, Halder Gomes, Maria Fernanda Cândido ou Chico Diaz.
No sábado, o festival migra para o Cinema São Jorge, entre outros espaços. É na Avenida de Liberdade que, nesse dia, há uma sessão de curtas-metragens que inclui Tchau Tchau, da luso-francesa Cristèle Alves Meira, ou Elo, do angolano Edgar Cláudio, a antestreia de Já Nada Sei, do português Luís Diogo, e a sessão de abertura propriamente dita. Esta envolverá uma homenagem a José Saramago apresentada por Sandra Pimenta e Alexandra Lencastre, que recitarão poesia. "Infelizmente não conseguimos as nossas datas dentro do centenário de Saramago", confessa a directora, que mesmo assim o quis assinalar.
A sessão de abertura inclui também a exibição do documentário Através dos Seus Olhos, da suíço-brasileira Sonia Guggisberg. "É a história de uma brasileira evangélica da periferia de Brasília que conhece, através da internet, um iraquiano. Passam dois anos a falar dia e noite, conectados 24 horas, e decidem conhecer-se", conta a directora do festival, explicando que a história dá reviravoltas inacreditáveis, passando por um campo de refugiados em Lesbos. "Geralmente não abrimos com documentários, só aconteceu uma vez [antes]", adiciona. Segue-se, então, o cocktail de abertura. O filme de abertura passa ainda no Auditório Camões, do Liceu Camões, na segunda-feira.
No domingo, há vários filmes brasileiros, como O Segundo Homem, de Thiago Luciano, Sol, de Lô Politi, Vermelho Monet, de Halder Gomes, ou O Debate, de Caio Blat. Será também mostrado o documentário Belchior - Apenas um Coração Selvagem, de Natália Dias e Camilo Cavalcanti, realizador radicado na Covilhã que é também o autor de A História da Eternidade, o livro que será lançado durante a exibição deste documentário. É sobre a sua longa-metragem de 2015 que na altura ganhou o FESTin "e vários outros festivais", conta a directora.
Tal lançamento faz parte do programa Conexões do festival, que inclui também, na terça-feira, no Museu das Comunicações, por onde o festival passa este ano entre segunda e quarta-feira, com sessões para crianças todas as manhãs às 10h30, o documentário Olha pra Elas, sobre a população feminina das prisões brasileiras, seguida de debate coordenado pela professora do ISCSP Dália Costa, e apresentação, à distância, dos realizadores Tatiana Sager e Renato Dornelles. Ou, na quarta-feira, no mesmo sítio, uma curta-metragem luso-brasileira, A Independência Começa na Nossa Língua, de Fernando Galrito, e um debate sobre a herança portuguesa no dia-a-dia do Brasil, a reboque do bicentenário da independência do país, com coordenação de Renato Faria, diplomata e professor de História, o especialista em protocolo João Micael e Rejane Lima, que trabalha com associações de imigrantes.
Não haverá sessão formal de encerramento, nem festa, tudo por causa do Mundial de Futebol no Qatar. Haverá premiados entre os filmes em competição, mas o anúncio desses nomes acontecerá online, na quinta-feira, com a publicação dos resultados às 19h. Paralelamente à edição lisboeta, o festival terá também, de segunda a quarta, uma presença no Porto, na Casa Comum, na Universidade do Porto, com foco na Amazónia, com a exibição dos documentários Sou Moderno, Sou Índio, de Carlos Eduardo Magalhães, Eu Nativo, de Ulisses Rocha e Mata, de Ingrid Fadnes e Fabio Nascimento. "O FESTin começa em Lisboa, mas não se sabe onde termina. Vai andando pelo mundo inteiro", partilha Adriana Niemeyer, que lembra que o festival já passou por Timor, São Tomé ou Cabo Verde.