Twitter suspende conta de Kayne West por incitar à violência
Rapper publicou uma suástica entrelaçada com uma estrela de David. No mesmo dia, em entrevista a Alex Jones, Ye expressou admiração por Adolf Hitler.
O rapper norte-americano Kanye West voltou a ver a sua conta no Twitter suspensa por “incitar à violência”. O anúncio foi feito pelo próprio Elon Musk. “Fiz o meu melhor. Apesar disso, [Ye] voltou a violar a nossa regra contra incitar à violência. A conta será suspensa”, respondeu Musk, na quinta-feira, ao apelo de um utilizador da plataforma para que ajudasse West.
Uma hora depois, a conta de West tinha sido cancelada. Antes, o Twitter já tinha restringido o acesso a uma publicação do rapper que, segundo a Lusa, era uma imagem do símbolo nazi, uma suástica, entrelaçado com uma estrela de David, um símbolo judaico.
Depois disso, Kanye West fez a sua publicação de despedida: deixou na rede uma fotografia do magnata de Hollywood Ari Emanuel a pulverizar água para a nuca de Musk, escrevendo: “Lembremo-nos sempre disto como o meu último tweet #ye24”.
Mas, apesar das acusações de que terá sido esta a gota de água, Musk é peremptório a esclarecer que Ye não foi suspenso por causa de “uma imagem pouco lisonjeira a ser borrifado pelo Ari”. E acrescentou: “Francamente, encarei essas fotos como uma motivação útil para perder peso!”.
No mesmo dia em que publicou a imagem que lhe valeu a segunda expulsão do Twitter em menos de dois meses, West foi entrevistado por Alex Jones, promotor de teorias de conspiração condenado e conhecido apoiante de Donald Trump. Ao longo da emissão, Kayne revelou “gostar de Hitler”, adiantando ver coisas positivas no ditador nazi responsável pelo Holocausto, ao longo do qual foram assassinados mais de seis milhões de judeus.
De amigo a banido
O rapper tinha sido bloqueado na rede social Twitter, no início de Outubro, depois de ter usado a plataforma para publicar comentários anti-semitas. “Estou um pouco sonolento esta noite, mas quando acordar, vou ‘death con 3’ contra o povo judeu”, escreveu na altura.
A expressão “death con 3”, segundo várias fontes, estaria relacionada com o termo militar DEFCON, que avalia a prontidão de defesa, sendo interpretada como uma ameaça.
Antes, apareceu na Semana da Moda de Paris com uma camisola em que se lia “White Lives Matter”, o slogan nascido em 2015 como resposta ao movimento Black Lives Matter (BLM) e, entretanto, adoptado por grupos supremacistas brancos, incluindo o Ku Klux Klan. E continuou a sua epopeia contra o BLM, unindo-se a Candace Owens, activista da direita norte-americana mais radical, na promoção do documentário A Maior Mentira Alguma Vez Vendida: George Floyd e a Ascensão do BLM (tradução literal).
Como resultado, várias etiquetas de moda anunciaram o fim das parcerias com o também designer, a Vogue cortou laços com Ye, a agência que o representava fez saber que não tem intenções de voltar a trabalhar com o artista; o escritório de advogados que assumia a sua defesa afastou-se; o estúdio que ia produzir o seu documentário optou por arrumar a ideia na gaveta; e centenas de celebridades, do mundo artístico, mas também de outras esferas, vieram a público pronunciarem-se em “defesa dos amigos judeus”.
A estocada final chegou com a Adidas, com quem Ye tinha assinado um contrato em 2013, que lhe permitira inscrever o seu nome entre os multimilionários. A empresa informou, a 25 de Outubro, que decidiu terminar a parceria com Kanye West com efeito imediato. “Os comentários e acções recentes de Ye têm sido inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça”, avançou a empresa numa declaração, citada pela Bloomberg.
Apesar de todas as polémicas, a plataforma Twitter restaurou a conta do rapper, uma decisão na qual Musk garante não ter estado envolvido, uma vez que foi tomada antes da conclusão do negócio de aquisição.