Rússia redobra ataques contra a infra-estrutura energética ucraniana
Os constantes ataques russos contra alvos civis levaram o Parlamento Europeu a designar a Rússia como um Estado patrocinador de terrorismo.
O Parlamento Europeu declarou oficialmente a Rússia como um Estado patrocinador de terrorismo, justificando a nomeação com os bombardeamentos e ataques dirigidos à população civil ucraniana, bem como a infra-estruturas de fornecimento de energia, hospitais, escolas e outros alvos não militares.
A decisão tem sobretudo cariz simbólico, já que o Parlamento Europeu ou a União Europeia não podem designar oficialmente Estados como patrocinadores de terrorismo (a decisão cabe aos Estados-membros). Ao contrário dos Estados Unidos, a União Europeia não possui uma lista em que figurem os Estados considerados apoiantes ou promotores de acções terroristas nem qualquer instrumento legal além dos vários pacotes de sanções já aprovados para punir Moscovo. Washington designa actualmente Cuba, Irão, Síria e Coreia do Norte como Estados patrocinadores de terrorismo.
Ainda assim, a tomada de posição do Parlamento Europeu foi recebida com sarcasmo por parte do Kremlin. “Proponho designar o Parlamento Europeu como apoiante da idiotice”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, através do Telegram.
Poucas horas depois da declaração, o site do Parlamento Europeu foi alvo de um ataque informático. A presidente da instituição, Roberta Metsola, disse que a ofensiva foi reivindicada por “um grupo pró-Kremlin”.
Na Ucrânia, os bombardeamentos constantes das forças russas que visam a infra-estrutura de electricidade estão a deixar cada vez mais cidades às escuras. A Força Aérea ucraniana disse que Moscovo lançou 70 mísseis cruzeiro ao longo do dia, dos quais 51 foram interceptados pelas defesas anti-aéreas.
A empresa que gere a rede de distribuição de electricidade na Ucrânia disse que os danos causados às infra-estruturas de produção e distribuição de energia nas últimas semanas foram “colossais” e avisou a população para a possibilidade de vários apagões durante os meses de Inverno.
A maioria das centrais térmicas e hidroeléctricas foram encerradas, deixando grande parte da população um pouco por toda a Ucrânia sem energia.
Em Kiev, grande parte da população ficou várias horas sem água nem luz, disse o autarca Vitali Klitschko. A capital foi abalada por vários ataques e pelo menos três civis morreram quando um apartamento foi atingido. Entre as vítimas estava uma jovem de 17 anos, disse Klitschko.
“Estava sentado no meu apartamento quando ouvi uma explosão. As minhas janelas na sala, na cozinha e no quarto ficaram partidas com o impacto da explosão”, descreveu Iurii Akhimenko, um homem de 55 anos que vive num bloco em frente ao prédio que foi atingido.
A cidade de Lviv, no extremo ocidental do país, chegou a ficar totalmente sem electricidade, mas ao fim do dia metade da rede já tinha sido reposta.
A Moldova também foi afectada por cortes de electricidade e metade do país chegou a ficar às escuras ao longo do dia, de acordo com o Governo de Chisinau. O vice-primeiro-ministro, Andrei Spinu, responsabilizou “os ataques da Rússia contra a infra-estrutura energética da Ucrânia” pelos cortes.
A Presidente moldava, Maia Sandu, acusou Moscovo de ter deixado o país “às escuras”. “A guerra da Rússia na Ucrânia mata pessoas, destrói apartamentos residenciais e infra-estrutura energética com mísseis. Iremos resolver os problemas técnicos e iremos ter luz de novo”, garantiu.