Portugal é o segundo país europeu com maior percentagem de mulheres inventoras

Alentejo destaca-se como a região com maior percentagem de pedidos de patentes por mulheres junto do Instituto Europeu de Patentes.

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Apesar das notícias positivas para Portugal, os cargos de chefia em equipas inventoras continuam a ser maioritariamente masculinos Ines Fernandes / Publico

Continuamos a ter menos mulheres em cargos de chefia e a liderar equipas de inovação, mas Portugal é o segundo país na Europa com maior percentagem de mulheres inventoras (26,8%) – ou seja, de mulheres que fizeram pedidos de patentes. O estudo do Instituto Europeu de Patentes avaliou os pedidos feitos para registar uma invenção, destacando ainda o Alentejo como a região com maior percentagem de mulheres entre os seus inventores (34,9%).

Quando olhamos para as percentagens, estas mostram que estamos longe de um equilíbrio de género, como refere António Campinos, presidente do Instituto Europeu de Patentes (IEP): “Este estudo demonstra que foram feitos progressos nas últimas décadas no sentido de uma maior inclusão no campo das patentes, com alguns países europeus, como Portugal, a liderar no que respeita a percentagem de mulheres inventoras. Mas também demonstra que é preciso fazer mais.”

O trabalho divulgado esta terça-feira mostra que apenas a Letónia (30,6%) supera os níveis de Portugal nesta matéria. A média europeia cifra-se nos 13,2% – menos de metade dos valores registados em território nacional.

Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reagiu em comunicado esta manhã, apontando que “estes dados são muito relevantes da capacidade das mulheres portuguesas investigadoras na sua capacidade criativa associada a uma elevada resiliência e persistência”.

Para estes valores, que remontam ao período entre 2010 e 2019, muito contribuíram as universidades e centros de investigação, que se destacam sobretudo a nível nacional, com 36% de mulheres inventoras neste capítulo.

Este contributo também se reflectiu numa diminuição da preponderância dos pedidos de patentes submetidos por mulheres no sector privado – algo que Elvira Fortunato afirma querer inverter com a proposta de “integração de doutorados em contextos não académicos”, defendida na audição parlamentar do Orçamento do Estado para 2023. A ministra quer que, até 2027, 50% das bolsas de doutoramento atribuídas estejam em ambiente não académico.

Quase metade das patentes concentra-se na área da Química, onde Portugal tem 42,3% das inovações registadas por mulheres. Esta é também a área com percentagens mais elevadas no contexto europeu, mas com valores bem mais baixos (22,4%).

Mas nem tudo são indicadores de fortalecimento do papel das mulheres no sistema científico europeu. Como refere o IEP em comunicado, o estudo levado a cabo por esta organização revela que é mais provável encontrarmos mulheres em equipas de inventores do que serem inventoras individuais. E, quando observamos as equipas de inventores, as mulheres tendem a ter menos cargos de chefia nessas mesmas equipas do que os homens, indica o estudo.

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