Costa atribui a momento de “criatividade” de Marcelo episódio com ministra Ana Abrunhosa
Declarações do Presidente da República deram que falar no fim de semana.
O primeiro-ministro desvalorizou hoje o modo como o Presidente da República se dirigiu com avisos à sua ministra da Coesão Territorial sobre a execução de fundos estruturais, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa tem “momentos de criatividade”.
Esta posição foi transmitida por António Costa em Sharm el-Sheikh, no Egipto, no seu primeiro de dois dias de participação na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), depois de questionado sobre o tom usado pelo chefe de Estado no sábado passado, na Trofa, distrito do Porto, para transmitir uma série de advertências em público à ministra Ana Abrunhosa.
Entre outras afirmações, o Presidente da República avisou-a que estará “muito atento” e não a perdoará caso descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que acha que deve ser.
“Sou sincero, no sábado, desliguei para descansar. Portanto, não ouvi directamente as palavras [do Presidente da República]”, começou por responder António Costa, provocando alguns risos aos jornalistas.
“Sim, sim, não riam, lá porque sou primeiro-ministro também tenho direito ao descanso”, reagiu logo a seguir o líder do executivo.
Depois, o primeiro-ministro salientou que convive há quase sete anos com o actual Presidente da República.
“Comecei as funções com o anterior Presidente da República [Cavaco Silva], mas tenho uma longa experiência com o actual. Cada um tem o seu estilo, cada um tem a sua forma de agir, cada um tem a sua forma de interpretar os poderes constitucionais, visto que a nossa Constituição é bastante clara, embora ajustável à personalidade de cada um que exerce essas funções”, disse.
Na perspectiva de António Costa, “todos os portugueses têm apreciado a forma como o Presidente da República tem exercido as suas funções, que tem momentos de maior criatividade”.
“Mas acho que isso é normal, ninguém leva a mal. A senhora ministra [Ana Abrunhosa], aliás, disse que não tinha levado a mal, estava lá e compreendeu perfeitamente a intervenção no quadro da informalidade com que tudo decorria”, acrescentou.