Justiça ordena intervenção da polícia para desbloquear estradas cortadas por apoiantes de Bolsonaro

Há bloqueios de estradas em pelo menos 22 dos 27 estados. Entre as vias cortadas encontrava-se a Via Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e que regista maior volume de tráfego do Brasil.

Supporters of Brazil's President Jair Bolsonaro protest against President-elect Luiz Inacio Lula da Silva, in Abadiania A truck is seen while the supporters of Brazil's President Jair Bolsonaro block highway BR-060 during a protest against President-elect
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Apoiantes de Bolsonaro protestam contra a eleição de Lula da Silva, em Abadiânia, bloqueando a autoestrada BR-060 Reuters/UESLEI MARCELINO
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Abadiânia é um município brasileiro no interior do estado de Goiás Reuters/UESLEI MARCELINO
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Apoiantes de Bolsonaro manifestam-se em Cotia, no estado de São Paulo Reuters/AMANDA PEROBELLI
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Um bloqueio perto de Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro EPA/ANDRE COELHO
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Bloqueio na estrada Presidente Dutra, São Paulo Reuters/ROOSEVELT CASSIO

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral ordenou à Polícia Rodoviária acções imediatas para desobstruir os bloqueios de estradas em vários pontos do país, num protesto de camionistas apoiantes do Presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições presidenciais.

Em resposta a um pedido da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador geral eleitoral, Alexandre de Moraes, disse ainda que, caso não tome providências, o director da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, apoiante de Bolsonaro, pode mesmo ser detido e afastado do cargo por desobediência.

Entretanto, o ministro da Justiça brasileiro, Anderson Torres, indicou ter determinado “um reforço de efectivo e de meios de apoio, a todas as acções possíveis para normalização do fluxo nas rodovias, com a brevidade que a situação requer”.

Bloqueios e interdições de estradas estão a afectar pelo menos 25 dos 27 estados do país. Segundo o último balanço da Policia Rodoviária, há cerca de 270 bloqueios e interdições em estradas de 22 estados e no Distrito Federal e entre as estradas bloqueadas encontra-se a Via Dutra, estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e a que regista maior volume de tráfego no Brasil.

Os manifestantes, que bloquearam as estradas com camiões ou queimaram pneus, protestaram contra a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva e alguns pediram “uma intervenção” das forças armadas em defesa de Bolsonaro.

A Polícia Rodoviária já tinha sido acusada pela campanha de Lula da Silva de ter promovido, no domingo, operações stop, principalmente no interior da região do Nordeste, bastião de Lula, para impedir eleitores de votar.

Responsável por assegurar a livre circulação nas estradas, a Polícia Rodoviária Federal não tomou até agora qualquer medida para remover os camiões e alegou estar à espera que a Procuradoria-Geral do Governo peça aos tribunais uma ordem para remover os manifestantes.

Este protesto, inorgânico e sem líder, já foi condenado por proeminentes apoiantes de Bolsonaro ligados ao sector agro-alimentar e à indústria de transportes, como a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).

A Esplanada dos Ministérios em Brasília, espaço que concentra as sedes dos três poderes do Brasil, encontra-se encerrada de forma a impedir a invasão de camionistas apoiantes de Jair Bolsonaro, que estão em protesto pelo resultado das eleições.

A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, responsabilizou o chefe de Estado brasileiro e acusou Bolsonaro de orientar “o caos no país”.

O chefe de Estado e candidato derrotado, Jair Bolsonaro, ainda não telefonou a Lula da Silva para o felicitar e está há mais de 24 horas sem fazer qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado das presidenciais de domingo.

Bolsonaro esteve reunido, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, com vários ministros, mas até agora ainda não lançou qualquer informação sobre quando falará sobre as eleições presidenciais.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.