Cancro da Mama
E se as mulheres de Goya ou Rubens tivessem sofrido mastectomias?
Nestas novas versões de quadros de Goya e Rubens, as mulheres sofreram mastectomias. Um alerta de um museu madrileno para rever no Dia de Prevenção do Cancro da Mama.
As três obras chegaram de ambulância ao Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, em Madrid. Adão e Eva, de Hans Baldung Grien, Vénus e Cupido, de Peter Paul Rubens, e A Maja Nua, de Francisco de Goya, não são as originais dos pintores, mas sim versões digitalmente manipuladas de forma a incluir mulheres mastectomizadas.
A exposição Da Pele à Tela: Outra Perspectiva Sobre o Cancro de Mama, que esteve no museu até dia 26 de Outubro, resulta de um projecto conjunto da Fundação Cultura en Vena e do museu madrileno e tem como objectivo consciencializar para o flagelo do cancro da mama e para as repercussões físicas, psicológicas e sociais do processo de mastectomia. "Com esta intervenção estamos a chamar a atenção sobre os processos inerentes à doença", explicou à Reuters o presidente da fundação Cultura en Vena Juan Alberto García de Cubas.
O processo de manipulação das obras, realizado pelo fotógrafo Jorge Salgado, não decorreu ao acaso; foi supervisionado por conservadores de arte e por profissionais de cirurgia de forma a garantir a máxima verosimilhança e credibilidade das cicatrizes que figuram no peito das mulheres retratadas. "A iniciativa apoia-se na capacidade educacional dos museus para proporcionar um novo olhar capaz de alterar a nossa percepção do corpo e dos processos vinculados pela doença", pode ler-se no comunicado de imprensa direccionado ao P3 pela fundação espanhola.
Uma das visitantes, uma arquitecta de 44 anos que foi submetida a uma mastectomia, disse à Reuters que a exposição teve em si um impacto profundo. "Para mim, as pinturas representam o período pós-tratamento, aquele em que nos sentimos um pouco perdidas", comentou Gema Salas, acrescentando que as mulheres têm de reaprender a amar o seu corpo após a intervenção cirúrgica. "É como renascer como mulher. Termos uma cicatriz não significa que sejamos menos mulheres."