Hotéis e jardim “seis em um” farão de Santar uma das vilas mais bonitas de Portugal
A Global Wines vai construir com um parceiro francês um hotel em Santar, pronto daqui a dois anos. Há outro hotel do grupo Valverde a surgir antes e um projecto que une seis jardins particulares.
Era um desejo antigo. Recuperar a Casa do Soito, um edifício do século XVIII que fica junto ao Paço dos Cunhas de Santar, e criar ali algo que acrescentasse valor à oferta da Global Wines. O grupo, o maior player do sector no Dão e detentor na região das marcas Cabriz e Casa de Santar, encontrou “o parceiro certo” num empresário francês do segmento de luxo, com raízes no concelho de Nelas, e com quem a Global Wines fechará sociedade nos próximos dias.
A perspectiva é que o hotel, que estará ligado ao vinho e ditará o lançamento de uma nova marca, Casa do Soito, esteja pronto “daqui a dois anos”. “Já escolhemos o gabinete de arquitectura, a Artspazios [de Viseu], que já está a elaborar o projecto. O que queremos fazer é algo intimista, sofisticado q.b. Terá meia dúzia de apartamentos tipo estúdio e serviços, excepto restauração, que já existe aqui no Paço dos Cunhas [de Santar]”, revelou ao Terroir o administrador da Global Wines Vítor Castanheira.
O edifício histórico, classificado como património de interesse municipal, é do grupo, que prevê que as obras de reabilitação e construção custem “1,5 milhões de euros”. Tem um jardim com um enorme acipreste, que conta mais de 350 anos, e várias “namoradeiras” — bancos tradicionais revestidos a azulejos. Na fachada, perdura o brasão da família Coelho do Amaral, que ordenou a sua construção.
Outro investimento que a Global Wines tem na calha na área do enoturismo é o novo centro de visitas, que nascerá junto à adega da Casa de Santar. Está em fase de consulta a diferentes gabinetes de arquitectura. “Abrindo o nosso hotel e o hotel do grupo Valverde precisaremos de condições para recebermos as pessoas”, justifica Vítor Castanheira.
O grupo, cuja direcção de enologia está entregue a Osvaldo Amado, tem vindo a criar essas condições há já algum tempo, nomeadamente com o lançamento em 2021 de uma unidade de negócio dedicada aos vinhos “de terroir” — Casa de Santar e Vinha do Contador, no Dão, Quinta do Encontro, na Bairrada, e Vinha de Saturno, no Alto Alentejo — e ao enoturismo, a 1990 Premium Wines.
“Acreditamos que Santar nos próximos cinco, seis anos, será uma das vilas mais charmant de Portugal”, diz Marisol Benites. Segundo a gestora da 1990 Premium Wines, as WineX já apontam para isso. Mesmo sem um centro de visitas moderno, os visitantes têm já um conjunto de experiências exclusivas à sua espera em Santar, das provas de vinhos e espumantes com visita às adegas aos passeios de jipe nas vinhas, passando por um luxuoso piquenique beirão, com assinatura do chef Henrique Ferreira, à sombra do sobreiro centenário da Casa de Santar. Os preços vão dos 20 aos 130 euros por pessoa. “Queremos que levem boas memórias, que sejam bons embaixadores e que voltem.”
Hotel na vila jardim já em Abril
Inserido no Santar Vila Jardim, que nasceu no final de 2019 de um desafio que a família Vasconcellos e Souza lançou aos proprietários de jardins e imóveis vizinhos da Casa dos Condes de Santar e Magalhães para derrubarem muros e erguerem um projecto de visita a seis jardins históricos (experiências entre os 15 e os 60 euros e outras tailor-made), surgirá no próximo ano o hotel de luxo Valverde Santar. Iniciativa de uma sociedade do grupo Valverde com a Casa dos Condes de Santar e Magalhães e Santar Vila Jardim.
A construção já vai avançada, testemunhou no local o Terroir, ainda assim há um atraso em relação ao que chegou a estar previsto. O hotel boutique de luxo, na Casa das Fidalgas, um solar do século XVII e antiga residência de D. Miguel de Bragança, duque de Viseu, deveria estar a abrir agora, neste Outono, mas fonte do grupo Valverde explica que isso deverá, afinal, acontecer em Abril.
O hotel terá 21 quartos, um spa com piscina interior — o grupo está ainda a definir a marca que explorará o espaço —, piscina exterior e um restaurante aberto ao público em geral e que promete fazer um trabalho diferenciado na área dos vinhos. O conceito do Valverde Santar terá como foco o bem-estar e a comunhão com a natureza. E essa parte está facilitada, uma vez que o hotel faz parte da uma das propriedades que “cederam” o seu jardim para a experiência que o arquitecto paisagista Fernando Caruncho ajudou a criar.
É no Jardim das Fidalgas que fica a fotogénica vinha ondulante e o belvedere que oferece vistas sobre toda a Santar Vila Jardim. Noutro jardim deste projecto, o Jardim Magnólia, há outra vinha emoldurada por uma sebe de buxo. Essa separação de outras culturas agrícolas com vinha e vice-versa era uma característica destes jardins no passado. “Fernando Caruncho recriou isso de forma mais contemporânea. Foi um desafio para o arquitecto, porque até então ele só fazia jardins contemporâneos”, conta-nos a guia Susana Sousa. Perto, nos antigos estábulos dos Condes de Santar e Magalhães, fica a adega onde são feitos os vinhos Santar Vila Jardim — não confundir com a marca Casa de Santar, que de facto já foi da família, mas está desde 2006 no portefólio da Global Wines —, que naturalmente estarão presentes na carta do futuro restaurante.
Para além de os hóspedes poderem explorar a Santar Vila Jardim, haverá outras experiências para lá das fronteiras deste jardim “seis em um”.
O hotel representa um investimento de 10 milhões de euros e o projecto de reabilitação da Casa das Fidalgas é do gabinete de arquitectura e design de interiores Bastir (Valverde Hotel Lisboa, Vidago Palace e Bairro Alto Hotel), do Porto, que fez por respeitar a traça histórica do edifício.