Meloni foi nomeada primeira-ministra e Governo de Itália toma posse no sábado

Novo governo toma posse neste sábado de manhã. Numa tentativa de sublinhar a unidade da coligação, a futura chefe do Governo foi a única a fazer declarações à saída da primeira audiência com Mattarella.

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Giorgia Meloni com Matteo Salvini e Silvio Berlusconi na declaração de manhã YARA NARDI/Reuters
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Meloni reunida com Sergio Mattarella, à tarde Paolo Giandotti/Italian Presidency/Reuters

Depois de uma primeira reunião de manhã, curta, e de um segundo encontro à tarde, que durou mais de uma hora, Giorgia Meloni aceitou a indigitação do Presidente como nova primeira-ministra de Itália e comunicou já a Sergio Mattarella quem são os ministros do futuro Governo.

A tomada de posse do executivo está marcada para sábado de manhã, menos de um mês depois das eleições. Um tempo tão curto, pouco habitual em Itália, “foi possível pela clareza do resultado eleitoral”, declarou o Presidente no fim da audiência com Meloni, e “porque é necessário proceder rapidamente tendo em conta as condições internas e internacionais que exigem um governo em plenitude de funções”. Mattarella terminou a curta declaração com votos de “felicidades” ao novo executivo e um agradecimento ao cessante, liderado por Mario Draghi.

Mattarella tinha recebido na sexta-feira de manhã a delegação da maioria de direita e extrema-direita que venceu as eleições antecipadas de 25 de Setembro. “Aguardamos as decisões do Presidente da República e já estamos prontos, queremos avançar o mais rápido possível”, afirmara a futura chefe do Governo italiano à saída da audiência. “Toda a coligação, que não por acaso se apresentou junta nas consultas, deu uma indicação unânime, enquanto representante da maioria parlamentar, propondo-me ao Presidente como pessoa encarregada de formar o novo Governo”, disse a líder dos Irmãos de Itália (FdI), depois de uma semana marcada pela crise com Silvio Berlusconi (Força Itália).

A unidade da direita, questionada diariamente em público, foi encenada na fotografia de grupo que se seguiu à audiência, com Meloni ao centro, Berlusconi à sua direita e Matteo Salvini (Liga) à esquerda. Antes das declarações de Meloni, rodeada pelos aliados, houve ainda tempo para Meloni, Berlusconi e Salvini se deixarem filmar durante uma longa troca de palavras, marcada por sorrisos e gestos cordiais.

A maioria dos membros do Governo é do FdI, que Giorgia Meloni lidera. Os outros dois parceiros de coligação estão em equilíbrio total: cinco ministérios para a Liga, cinco ministérios para o Força Itália. Antonio Tajani, antigo presidente do Parlamento Europeu e membro do Força Itália, será vice-primeiro-ministro e titular da pasta dos Negócios Estrangeiros. Matteo Salvini também será “vice” e ficará com a pasta das Infra-Estruturas.

Havia a dúvida sobre se a líder do FdI aceitaria a nomeação com ou sem reserva e Meloni fê-lo sem reserva, apresentando imediatamente a Mattarella a lista de futuros ministros. Um dia depois de escrever que havia ainda algumas pastas por atribuir, a imprensa italiana deu conta de que Meloni decidiu terminar a formação do Governo sozinha, entre quinta e sexta-feira.

A decisão foi tomada depois de uma série de embates com Berlusconi, com o ex-primeiro-ministro a desafiá-la publicamente em relação às escolhas, ao mesmo tempo que eram divulgadas várias gravações em que elogiava Vladimir Putin e atribuía a Volodymyr ​Zelensky a responsabilidade pela invasão russa da Ucrânia. A reacção de Meloni surgiu na forma de ultimato, afirmando que quem não concordar com a sua linha europeísta e atlantista “não poderá fazer parte do Governo, mesmo à custa de não se formar governo”.

Num sinal de que Berlusconi terá aceitado os conselhos dos seus próximos (incluindo dos filhos, que gerem a holding empresarial da família), possivelmente decidindo adoptar uma postura mais contida, o líder do FI não fez declarações na chegada ao Quirinale, limitando-se a publicar uma mensagem no Facebook antes da audiência. “Com Licia Ronzulli e Alessandro Cattaneo, líderes dos grupos parlamentares do Força Itália no Senado e na Câmara [dos Deputados], estamos prestes a ir às consultas com o Presidente da República. Daremos ao nosso país um governo forte e coeso!”, escreveu.

Para surpresa da maioria dos observadores, enquanto Berlusconi não tem parado de dar dores de cabeça à chefe da coligação, Salvini tem estado absolutamente conciliador e em silêncio, dando espaço à futura primeira-ministra para afirmar a sua liderança. “A equipa está pronta, mal posso esperar para ver o Governo começar” o seu trabalho, afirmou antes da audiência com Mattarella. “Temos as ideias claras e a equipa pronta. Os italianos esperam respostas”, reforçou.

Última actualização do texto às 18h15

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