Funcionário de Mar-a-Lago confirma ordem de Trump para deslocar e ocultar documentos

Para além da testemunha, que alterou o seu depoimento depois de ser confrontada com provas, o FBI tem imagens de vigilância que mostram um funcionário a retirar caixas de um armazém da mansão do ex-Presidente dos EUA na Florida.

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Domingo, Trump esteve num comício no Arizona, em campanha para as eleições intercalares de Novembro Reuters/BRIAN SNYDER

Um funcionário de Donald Trump contou ao FBI ter sido instruído pelo ex-Presidente para deslocar caixas de uma despensa na cave da sua residência de Mar-a-Lago, noticiou o jornal The Washington Post. A ordem, diz a testemunha, chegou logo depois de a equipa jurídica do ex-Presidente ter recebido uma intimação para entregar quaisquer documentos confidenciais que se encontrassem na sua propriedade da Florida. De acordo com a CNN, o FBI tem imagens de vigilância que mostram um funcionário a retirar caixas do depósito.

Este testemunho, reforçado pelas imagens, pode ser crucial para a investigação criminal que analisa a possibilidade de terem sido cometidos uma série de crimes, de obstrução e destruição de registos do governo ao manuseio incorrecto de informação classificada.

Nas buscas realizadas na mansão de Donald Trump, a 8 de Agosto, os agentes do FBI encontraram milhares de documentos, incluindo uma centena de documentos classificados como confidenciais, secretos ou ultra-secretos, guardados numa despensa e no escritório do ex-Presidente. Alguma da informação contida nos documentos é tão sensível que os próprios investigadores tiveram de obter autorização expressa para poder consultá-los.

O Departamento da Justiça já tinha afirmado que alguns documentos na mansão foram “provavelmente escondidos e removidos” de uma despensa em Mar-a-Lago e levados para o gabinete particular de Trump, em violação de uma ordem e no contexto de um esforço para “obstruir” a investigação do FBI. Esta testemunha, diz ainda o Post, começou por negar ter manuseado caixas de documentos sensíveis em Mar-a-Lago, mas as provas entretanto recolhidas pelo FBI levaram os investigadores a voltar a falar com este funcionário, que desta vez admitiu ter recebido instruções para mudar as caixas de sítio.

Depois de muita insistência dos Arquivos Nacionais, Trump devolveu em Janeiro deste ano 15 caixas com documentos da Casa Branca, onde o FBI encontrou 184 documentos únicos classificados como confidenciais, secretos e ultra-secretos. Entre eles, os investigadores dizem ter descoberto documentos relativos à segurança nacional dos EUA, cuja divulgação pode pôr em causa a segurança do país e a identidade de espiões e informadores.

Em Maio, o Departamento de Justiça intimou finalmente Trump, em busca de documentos classificados que ainda estavam em Mar-a-Lago. Segundo um processo entretanto movido por Trump, o ex-chefe de Estado republicano terá pedido aos seus funcionários que procurassem material classificado que ainda tivesse na sua posse para cumprir a intimação.

Os seus advogados também garantiram aos investigadores que tinham feito buscas na área de armazenamento e contabilizado todos os documentos confidenciais. Em seguida, entregaram 38 documentos com classificações de segurança diversas, incluindo 17 marcados como ultra-secretos. Na altura, a 3 de Junho, uma advogada do ex-Presidente, Christina Bobb, entregou ainda uma declaração, assinada por si, com a garantia de que aqueles eram os últimos documentos secretos na posse de Trump.

Os procuradores acreditam que alguns documentos foram retirados antes das buscas dos advogados para os encontrar.

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