Primeira-ministra escocesa está “confiante” de que vai haver referendo à independência em 2023

Supremo Tribunal começa a ouvir na terça-feira os argumentos dos que defendem que o Governo escocês não precisa de autorização de Londres para convocar nova votação. Mesmo sendo derrotada na Justiça, Sturgeon garante: “Nunca irei desistir da democracia escocesa.”

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Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa e líder do SNP Reuters/RUSSELL CHEYNE

Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, afirmou este domingo, à margem do congresso anual do Partido Nacional Escocês (SNP), que tem confiança de que será realizado um segundo referendo à independência escocesa em Outubro do próximo ano.

Na próxima terça-feira, o Supremo Tribunal do Reino Unido vai começar a ouvir os argumentos favoráveis e contrários à hipótese de convocação do referendo sem a autorização do Governo britânico e da primeira-ministra, Elizabeth Truss.

No referendo de 2014, cuja realização foi aprovada por Downing Street, 55% dos escoceses rejeitaram a secessão. O executivo britânico e, particularmente, o Partido Conservador dizem, por isso, que o tema ficou resolvido “por uma geração” e recusam voltar a abrir esse dossier.

Contudo, o SNP e outros partidos independentistas escoceses – como os Verdes, que fazem parte do governo regional, ou o Partido Alba, argumentam que a votação para a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016, e os termos desse divórcio – abandono do mercado único e da união aduaneira europeia –, consumado em 2020, produziram uma alteração de circunstâncias.

Tendo concorrido nas eleições legislativas escocesas do ano passado com a promessa de realizar novo referendo, Sturgeon diz que o SNP tem um novo mandato para avançar com a votação e já marcou a data: 19 de Outubro de 2023.

Numa entrevista à BBC, neste domingo, a first minister escocesa garantiu estar “confiante de que [o referendo] vai acontecer”. Mesmo em caso de derrota nos tribunais.

Sturgeon afirmou que, se o Supremo não aceder aos argumentos do Governo e dos partidos independentistas, o SNP vai disputar as próximas legislativas nacionais, previstas para 2024, com uma única proposta: transformar a Escócia num Estado independente e fazer das eleições para o Parlamento britânico um referendo “de facto”.

“Se o caminho (…) para um referendo constitucional legal for bloqueado (…), a escolha é simples: apresentamos o nosso caso à população numa eleição ou desistimos de ter uma democracia escocesa”, explicou, antes de afiançar: “Quero ser muito clara sobre este assunto: nunca, mas nunca, irei desistir da democracia escocesa.”

Por isso, acrescentou Sturgeon, “vamos esperar para ver o que diz o tribunal”. E rematou: “Estou confiante de que a Escócia vai ser independente.”

Com Reuters

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