Regresso às aulas: por uma boa colaboração entre pais e professores

Os pais podem ter tido experiências negativas em relação à escola ou a algum professor, e os professores podem ter tido más experiências com outros pais, dificultando a abertura para um trabalho conjunto.

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"A chave para uma boa colaboração entre pais e professores está na forma como comunicam e usam as suas compete^ncias para resolver problemas ou negociar" @petercalheiros

Com o início das aulas é importante haver uma boa comunicação entre pais, educadores de infância ou professores, tendo em mente que a cooperação é a palavra-chave para que sejam satisfeitas as necessidades das crianças.

Pais e professores, de uma forma geral, têm o mesmo objetivo para os mais pequenos: um desenvolvimento emocional e social harmonioso, bem como o seu sucesso escolar. Para que isto seja possível é fundamental um esforço concertado entre as duas partes, de modo a que nem uma nem outra desencorajem a colaboração, pelo contrário, espera-se que ambas consigam criar uma ligação saudável entre a casa e a escola.

Quando pais e professores têm uma relação positiva registam-se progressos na adaptação da criança à escola. Esta relação positiva deve incluir respeito mútuo e abertura para ouvir e ceder quando necessário. As reuniões podem ser importantes, tal como o planeamento em conjunto de estratégias exequíveis para ambas as partes, de modo a dar resposta às necessidades da criança. Todos sabemos que pais e professores têm pouca disponibilidade, contudo, este investimento na criança valerá o tempo e o esforço despendidoo.

A intervenção precoce, em idade pré-escolar ou nos primeiros anos da escola, é sempre um fator a considerar, dado que é mais eficaz e impede o crescimento do problema.

A chave para uma boa colaboração entre pais e professores está na forma como comunicam e usam as suas competências para resolver problemas ou negociar. Algumas ideias para a construção de uma boa relação entre pais e professores:

Dê a conhecer o seu filho ou alguma situação familiar especial ao professor

Se a criança teve dificuldades no passado ou problemas familiares (divórcio, morte de um ente querido, acidentes, etc.), poderá ser útil informar o professor e partilhar estratégias que funcionaram bem. O que não se revela útil é a partilha de informação negativa sobre a criança, muito menos à frente dela, como às vezes acontece porque algumas pessoas acreditam que a criança vai ficar envergonhada e mudar, mas isso não acontece e apenas serve para a humilhar.

Evite acumular dificuldades ou queixas

Decorrido algum tempo depois do início das aulas, professores ou pais podem perceber que a criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem ou um comportamento inadequado. Se for este o caso, convém que não sejam acumuladas queixas ou dificuldades, pelo contrário, quanto mais cedo houver comunicação, melhor, de modo a que pais e professores possam acordar um plano de resolução do problema.

Por outro lado, quando se acumulam dificuldades ou queixas mais facilmente surgem ressentimentos de parte a parte. Assim, tanto pais como professores devem encarar a procura do outro em prol de uma colaboração eficaz e não como “queixinhas”, embora seja claro que tanto o teor da preocupação como a forma como se fala sobre a mesma são essenciais para ser bem ou mal sucedido. Pais e professores não devem empurrar a resolução das dificuldades para o outro nem devem cobrar a uma das partes coisas que cabem a ambas.

Comunique os seus planos

Se o professor ou os pais estiverem a fazer esforços para lidar com uma dificuldade apresentada pela criança que tenha impacto na escola, será conveniente que o outro saiba, de forma a poder dar informações sobre a sua evolução e até para poder agir da mesma forma no outro contexto, caso seja apropriado.

Evite as disputas e saiba ouvir

Os pais podem ter tido experiências negativas em relação à escola ou a algum professor, e os professores podem ter tido más experiências com outros pais, dificultando a abertura para um trabalho conjunto. Procure deixar de lado os ressentimentos e ao invés de acusar e cobrar, mostre ao outro que está empenhado em colaborar. Se não for assim, quem sai prejudicada é a criança.

Durante a conversa, não esteja constantemente a interromper o outro com respostas, argumentos ou reparos. Esta é uma atitude defensiva que está condenada ao fracasso, porque a certa altura estão ambos tão preocupados em defender-se que esquecem o que realmente interessa: a resolução da situação e as necessidades da criança

Ouça primeiro e aguarde a sua vez para falar, retire dúvidas e convide à reflexão sobre o ponto de vista de todos os envolvidos e sobre os seus sentimentos. Para conseguir colaboração é necessário ouvir com atenção, reconhecer o ponto de vista do outro e tentar encontrar soluções que sejam exequíveis para ambas as partes.

Mesmo que não tenha tempo para uma reunião presencial, não faça queixas por mensagem ou e-mail, dado que isso poderá resultar numa comunicação ineficaz e prejudicar a relação entre os pais e o professor. As situações complexas devem ser discutidas pessoalmente.

Procure ajuda sem receios

Por vezes, pais ou educadores não procuram o outro com receio de serem criticados ou acusados de não saberem lidar com a criança. É um erro dizer que um bom educador não precisa de ajuda para resolver os problemas das crianças; pelo contrário, um bom educador é aquele que envolve todas as partes interessadas na resolução das dificuldades e isto é válido tanto para os professores como para os pais.

Por outro lado, quem recebe uma preocupação, seja pai ou professor, não deve minorá-la, caso o problema não aconteça no ambiente onde está com a criança. Esta informação permitirá conhecer melhor a criança e como esta se move nos diferentes ambientes. Além disso, ter conhecimento sobre o que se passa pode ajudar a evitar que o problema se manifeste noutros contextos.

Uma ressalva: Sendo certo que tanto os pais como os professores não têm de estar disponíveis para falar a qualquer hora, as reuniões devem ser marcadas com antecedência e os horários de atendimento respeitados.

Seja breve e específico

Evite contar histórias longas com exemplos desnecessários que ao fim de cinco minutos retiram a atenção e o interesse de quem está a ouvir. Opte por, antes, pensar no que quer dizer para não perder o foco e descreva o problema ou o comportamento de forma breve, centrando-se numa resolução positiva sempre que possível. Pais ou professores que falam muito ou que estão constantemente a queixar-se apenas afastam a possibilidade de a criança ser ajudada.

Centre-se em mudanças realistas

É importante concentrar-se nas atitudes que conduzem a mudanças realistas e não em ideias vagas ou desfasadas da realidade. Adopte uma atitude proativa e convide o outro a fazer o mesmo.

Use o “eu” em vez de “você”

As mensagens “eu” comunicam os nossos sentimentos e desejo de mudança e convidam a colaboração, enquanto as mensagens “você” podem ser encaradas como uma acusação ou crítica. Dizer: “A Joana chega sempre atrasada e atrapalha a aula” é mais suscetível de ser mal recebido do que: “Os atrasos da Joana preocupam-me, pergunto se há alguma coisa que a impede de chegar a horas e como podemos resolver esta situação”.

Elogie sempre que for possível

Procure dar um feedback positivo ao adulto em relação à vossa colaboração conjunta através de mensagem, telefonema ou e-mail e não deixe de fazer o mesmo com a criança sempre que ela progride ou apresenta um comportamento positivo.

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