Kanye West termina parceria com a Gap após dois anos de contrato
A carta a pedir o término do contrato — inicialmente previsto para uma década — foi entregue pelo advogado do rapper à gigante de vestuário a 23 de Agosto. A relação entre a Gap e a Yeezy terminou oficialmente nesta quinta-feira.
O rapper Kanye West terminou a parceria com a marca de roupa Gap, anunciada em 2020 e com uma previsão inicial de dez anos. O objectivo era trazer uma nova vida à gigante do vestuário, mas as duas partes se terão conseguido alinhar e West acusou a empresa de não honrar os termos do contrato, que incluía abertura de pontos de venda da marca Yeezy.
A primeira peça da aclamada parceria de Ye — como agora é conhecido o designer — foi anunciada no ano passado: um casaco puffer em azul vivo que foi posto à venda por 200 dólares (164€, segundo o câmbio da altura). Esgotou nas primeiras horas. Tratava-se apenas de uma pré-encomenda e os casacos só chegariam ao consumidor mais tarde. O produto não chegou às lojas físicas e foi vendido apenas online, o que gerou controvérsia.
No contrato inicial estava ainda prometida a abertura de pequenas lojas Yeezy x Gap, mas tal não aconteceu. Incomodado, West não se coibiu de criticar a companhia nas redes sociais, acusando-a de copiar os seus designs e excluindo-o de reuniões.
Todos os produtos que já estavam produzidos, avança o The New York Times, vão continuar a ser vendidos nas lojas até ao primeiro semestre do próximo ano, incluindo uma colecção para a época festiva que deverá estar à venda em breve.
Sabe-se que, durante o último ano, a Gap também lidou com problemas internos e demitiu mesmo o director executivo durante este Verão — no último trimestre as vendas caíram 10% face ao ano anterior.
Até agora, a empresa não comentou publicamente a polémica com Kanye West, mas num e-mail enviado à equipa onde se anunciava o término da parceria, o presidente Mark Breitbard lembrou que a Gap e a Yeezy partilhavam muito valores, mas a forma como “trabalhavam para entregar essa visão não está alinhada”, cita a BBC.
“É importante lembrar que ao longo desta parceria, mantivemos os nossos compromissos — e as ambas as equipas o fizeram com integridade, contornando obstáculos e demonstrando uma incrível determinação”, acrescentava.
Já o advogado de Kanye West, Nicholas Gravante, informou em comunicado que o criador de moda tinha tentado resolver os problemas com a Gap, mas “sem sucesso”. Como tal, enviaram uma carta, a 23 de Agosto, a solicitar o término do contrato inicialmente previsto para uma década — oficialmente a ligação contratual terminou esta quinta-feira, 15 de Setembro. “Ye quer continuar a avançar para compensar o tempo perdido e vai abrir lojas de retalho Yeezy”, informa.
A empresa, detida por West, estava avaliada em 2,9 mil milhões de dólares em 2020, quando foi anunciada a parceria com a Gap. Kanye (ou Ye) notabilizou-se como rapper nos anos 2000, antes de enveredar pela moda e criar a marca que se tem vindo a notabilizar pelos icónicos ténis constantemente esgotados.
Em Maio deste ano, fruto da parceria com a gigante norte-americana, West colaborou com a Balenciaga numa colecção de T-shirts pretas, que se tornaram virais por fazerem lembrar sacos de lixo. As três empresas — Balenciaga, Yeezy e Gap — continuam ligadas por este acordo que em nada muda, de acordo com o advogado do rapper.
O ex-marido de Kim Kardashian mantém, ainda, a parceria com a Adidas para a comercialização dos ténis Yeezy, e tal deverá manter-se até 2026, data em que termina o contrato. Restam dúvidas se o designer também não tentará quebrar esta relação, já que deu sinais de estar insatisfeito através das redes sociais. Só em 2020, a parceria gerou 1700 milhões de dólares, de acordo com o especialista Bloomberg.