UNITA vai tomar posse dos seus lugares no Parlamento
Adalberto Costa Júnior insiste que os resultados eleitorais foram falsificados pelo “partido do regime” e que esta quinta-feira toma posse um “poder auto-atribuído e de legitimidade questionável, consumando assim o golpe da força”.
A UNITA e os seus parceiros da Frente Patriótica Unida vão mesmo tomar posse dos seus cargos na Assembleia Nacional Popular na sexta-feira. O segundo partido mais votado das eleições de 24 de Agosto insiste que o Presidente que toma posse esta quinta-feira é de “legitimidade questionável”, mas depois de um processo de auscultação nas 18 províncias do país, chegou à conclusão que os 90 deputados assumirão mesmo os seus lugares no Parlamento.
“Em função dos conselhos acatados, foi aceite desenvolver um processo múltiplo de luta democrática, a participação nas instituições do Estado, incluindo a tomada de posse de posse na Assembleia Nacional e a luta de massas pela reivindicação de direitos de cidadania”, anunciou o líder do partido, Adalberto Costa Júnior, em conferência de imprensa esta quarta-feira – que, mais uma vez, e em completo desrespeito pelo trabalho jornalístico, se iniciou com mais de uma hora de atraso.
“Em democracia, as conquistas têm de ser quotidianas para serem permanentes”, afirmou o candidato à presidência que deixou a promessa que a UNITA pretende liderar também a contestação ao poder que considera ilegítimo de João Lourenço também nas ruas e “em todos os espaços de luta e resistência pacífica, incluindo nas ruas, através do exercício do direito à opinião, reunião e manifestação”.
Adalberto Costa Júnior garantiu, no entanto, que o partido “mantém a sua determinação em continuar o processo de litigação judicial nacional e internacional para o apuramento da verdade”, insistindo que “o direito” dos cidadãos em escolher quem os dirige foi “deliberadamente negado aos angolanos” porque as eleições, como estabelece a Constituição angolana, não foram nem livres nem justas nem transparentes.
“Está prevista para amanhã [quinta-feira], a tomada de posse de um poder auto-atribuído e de legitimidade questionável, consumando assim o golpe de força”, referiu em relação ao Governo MPLA e ao seu cabeça-de-lista e Presidente reeleito, João Lourenço. Um “regime” que procura, pela ostentação da força, “destruir as bases sociais da alternância e evitar que a indignação e a insatisfação dos cidadãos se materialize em manifestações de repúdio contra a impostura eleitoral”.
Mas para isso, a UNITA e a Frente Patriótica Unida (UNITA/FPU), de modo a evitar a repressão das forças de segurança e militares, que ostentam nestes dias o seu poder nas ruas de Luanda, termina a falar em serenidade, respeito à vida e “contenção perante um regime militarizado e insensível”. Ao mesmo tempo que tentam que não se desmobilize o apoio conseguido para estas eleições, sobretudo de uma juventude cansada de tantos anos de MPLA no poder: “A UNITA/FPU compromete-se em manter e alargar a unidade de todas as forças vivas para que juntos, protagonizemos a alternância que o país tanto espera”.