Conceição “revolucionário” encaminha FC Porto em Barcelos

Muitas novidades – no “onze”, na táctica e no modelo de jogo – foram o “abanão” de que o FC Porto precisou para reverter a derrota frente ao Rio Ave com um triunfo tranquilo no terreno do Gil Vicente.

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Galeno (à esquerda) em acção frente ao Gil Vicente LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

Cinco caras novas no “onze”, um sistema táctico diferente e ideias de jogo também elas distintas do habitual. Sérgio Conceição foi “revolucionário” neste sábado, para a viagem do FC Porto a Barcelos, e a ousadia saiu na perfeição. Houve vitória (2-0) frente ao Gil Vicente, houve golo de uma das novidades (Galeno) e assistências de outra (Eustáquio).

Com este triunfo, o FC Porto chega aos 12 pontos e volta a estar a um do Sp. Braga e a três do Benfica. Já o Gil Vicente mantém o 12.º lugar, com cinco pontos, mas ainda pode acabar a ronda abaixo dessa posição.

Para este jogo, o FC Porto fez uma revolução no “onze”, com Carmo, Wendell, Eustáquio, Galeno e Toni Martínez a serem chamados por Sérgio Conceição. Esta opção pode explicar-se por querer provocar um “abanão” após a derrota com o Rio Ave, por querer dar oportunidade a outros jogadores de fazerem melhor ou por detalhes tácticos relativos ao Gil Vicente – ou até todas as opções juntas.

4x4x2 clássico

Num 4x4x2 mais clássico, o FC Porto voltou a ser um “camaleão” táctico, procurando mais ataque ao espaço e mais rasgo individual – daí ter Galeno (em vez de Taremi), mas também laterais como Wendell e Pepê (este sempre muito projectado, com Otávio a dar-lhe o corredor).

O Gil Vicente é a terceira equipa da I Liga que mais passes longos permite aos adversários, algo que se explica pela defesa alta que aplica, conjugada com linhas muito juntas que dificultam o jogo interior – ou seja, obrigavam, muitas vezes, os centrais portistas a baterem longo.

Sabendo disto, Conceição poderá ter-se sentido seduzido a chamar Galeno e Martínez, mais capazes no ataque ao espaço, podendo ter Taremi em posições mais interiores entre linhas (algo que já fez muito bem noutros anos).

Com a pressão dois contra dois aos centrais do FC Porto (que tinha os laterais projectados, sendo até por vezes Uribe a fazer de lateral em construção) e a equipa muito junta em 30 metros, o Gil obrigou Pepe e Carmo a baterem longo, já que nenhum deles estava a ter engenho (e por vezes linhas de passe) para colocar passes verticais para os médios.

O espaço estava apenas nos corredores, mas o Gil só permitia que o FC Porto chegasse a essa zona pelo passe longo e nunca pela construção curta. Isto tornou o jogo portista algo “empenado” e refém dos momentos em que os passes longos saíam mais calibrados.

Foi assim aos 14’, aos 17’ (Martínez marcou, mas em fora-de-jogo), aos 20’ (Otávio finalizou mal de baliza aberta), aos 29’ e aos 34’. Todos estes momentos tiveram em comum as bolas longas.

Só depois destes lances o FC Porto começou a tornar-se mais dinâmico em trocas posicionais, algo vital em jogos “empenados” desta forma. Galeno começou a surgir em zonas diferentes e, talvez por algum desgaste, o Gil já não estava a ser tão forte a ocupar o espaço interior após a pressão dos dois atacantes – com Taremi a começar a encontrar espaço para jogar.

Aos 35’, Galeno e Taremi criaram entre linhas e isolaram Martínez, que voltou a marcar em fora-de-jogo. Aos 41’, nova troca posicional (desta vez pelo número) baralhou as marcações ao Gil. Eustáquio apareceu na área, ganhou uma bola aérea e Taremi finalizou com um bom remate.

Três minutos depois, o FC Porto voltou a activar Taremi entre linhas e Eustáquio, inspirado pelo que tinha feito minutos antes, voltou a aparecer vindo de trás e pôde assistir Galeno, que também tinha baralhado marcações ao surgir pelo lado direito a finalizar.

Num misto de aproveitamento do desgaste e apelo às trocas posicionais, o FC Porto desbloqueou, em três minutos, um jogo que estava bastante difícil de desmontar, ainda que o Gil apenas tivesse tido uma oportunidade de golo (Bilel, logo aos 7’, numa transição).

A segunda parte até começou com o FC Porto a poder “matar” o jogo aos 48’, em mais um lance sem sucesso para Martínez, mas o perfil do jogo mudou claramente.

O Gil Vicente assumiu mais o jogo, com o FC Porto a consenti-lo durante vários períodos, crente de que isso lhe daria mais espaço para, numa transição como a dos 48’, poder encerrar a partida e gerir a partir daí.

Aos 75’, o Gil esteve mesmo perto do golo, num lance de claro adormecimento “portista”, com Tiba a ter tempo e espaço para cruzar e Navarro tempo e espaço para cabecear – valeu Diogo Costa, com mais uma defesa importante, ainda que desta vez quase sem sair do sítio.

Com o passar dos minutos tornou-se mais fácil ao FC Porto gerir a partida com bola e os dois golos de vantagem eram conforto mais do que suficiente para isso.

Sendo certo que o Gil até conseguiu criar jogadas ofensivas com alguma qualidade (e frequência), no momento de fazer o último passe algo falhava sempre.

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