O que é ser saudável? Basta não ter uma doença? A percepção do que é ter saúde já não se restringe apenas à ausência ou presença de doença, indica um novo estudo do Instituto de Saúde McKinsey (MHI, na sigla original). A saúde mental é “extremamente ou muito importante” para 85% dos inquiridos e, logo abaixo, 70% classificam a saúde social e espiritual como igualmente crucial para o bem-estar.
Mais de 19 mil pessoas de 19 países responderam a várias questões sobre saúde numa perspectiva de bem-estar, avaliando quatro dimensões de 1 a 5: saúde física, mental, social e espiritual. A conclusão é de que a percepção de o que é ser saudável afinal é mais ampla, assumindo a saúde mental uma importância preponderante para a maior parte dos participantes.
O conceito de saúde tem sido desconstruído além da doença: por exemplo, 40% dos inquiridos que sofre de uma doença continua a classificar a sua saúde como boa. Porquê? Acreditam que ser saudável está ligado “a um conjunto de diferentes factores”, explica o McKinsey em comunicado. Por outro lado, 20% dos indivíduos sem qualquer doença não consideram estar sãos.
Através dos resultados, aponta o MHI, pode concluir-se que a maioria das pessoas prefere “viver as suas vidas de acordo com os seus interesses”, em vez de estarem “focadas na presença ou ausência de doença”.
Para o estudo, intitulado In sickness and in health: How health is perceived around the world (Na saúde e na doença: como a saúde é percepcionada à volta do mundo, em tradução livre), foram incluídos países como Argentina, Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Turquia. Portugal não faz parte das nações que responderam ao inquérito — estão representados seis países da Europa.
Por todo o mundo, a idade também não é um elemento crucial no que toca aos níveis de saúde, pode concluir-se. Dos participantes entre os 18 e os 24 anos, 70% declararam ter boa ou muito boa saúde no geral. Mas também 60% das pessoas entre os 75 e os 84 anos atribuíram a mesma classificação.
Na saúde social — confirmando a tendência de que é a nova geração quem mais sofreu com o isolamento —, um maior número de jovens com menos de 24 anos relatou ter saúde social fraca, por oposição à categoria com mais de 65 anos. E o mesmo se aplica à saúde mental: em 15 dos dez países analisados, os grupos etários mais velhos atribuíram pontuações mais elevadas do que os jovens.
Mais rendimentos, mais saúde
Entre os 19 países escolhidos, todos os indivíduos tinham acesso à Internet e viviam principalmente em áreas urbanas. Contudo, nem todas as nações analisadas possuem a mesma esperança média de vida. Se no Japão, uma mulher vive em média até aos 87,57 anos, na Nigéria, a esperança média de vida é de 47,08 anos.
Mas, ao contrário do que se poderia pensar, nem sempre são os países com maior esperança de vida à nascença os que se consideram mais saudáveis. Os japoneses atribuem a classificação mais baixa dos 19 países à sua saúde em geral. Entre os países incluídos no estudo, quem sofre de alguma patologia é também quem mais se queixa de um menor apoio do Estado à saúde.
Há, ainda, outro elemento a destacar na percepção da saúde: “Quanto mais as pessoas ganham, maior e melhor é a percepção que têm da sua saúde”. O dinheiro pode mesmo ajudar a trazer saúde, acredita quem respondeu ao inquérito. Todavia, há uma desigualdade observada entre as classes com rendimentos mais elevados: os homens revelam obter maior apoio à saúde por parte dos sistemas de saúde, por comparação ao que é atribuído às mulheres.
Em última instância, o estudo promovido pelo MHI — organização sem fins lucrativos da consultora de gestão multinacional McKinsey & Company — quer provar que se “indivíduos, empresas e países alargarem a compreensão de saúde”, todos colhem frutos no que toca à qualidade de vida.