Isabel II vai dar posse ao novo primeiro-ministro britânico em Balmoral

A monarca, de 96 anos, quebra a tradição devido aos problemas de mobilidade que tem enfrentado. Ao longo do seu reinado, a rainha já deu posse a 14 primeiros-ministros.

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Os festejos dos 70 anos de reinado atraíram milhares a Londres Reuters/HENRY NICHOLLS

A rainha Isabel II vai quebrar a tradição ao dar posse ao novo primeiro-ministro britânico na sua residência do Castelo de Balmoral, na Escócia, em vez de no Palácio de Buckingham, em Londres, devido a problemas de mobilidade.

Um porta-voz do Palácio de Buckingham disse, nesta quarta-feira, que a rainha se irá reunir com o primeiro-ministro cessante Boris Johnson e o seu sucessor, ainda por decidir, no dia 6 de Setembro, em Balmoral, onde passa os seus verões.

Johnson foi forçado a demitir-se da liderança do Partido Conservador e do cargo de primeiro-ministro em Julho, depois de vários ministros terem deixado o seu Governo em protesto contra a série de escândalos que o atingiram.

A monarca, de 96 anos, receberá o novo líder britânico — a ministra dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, ou o antigo ministro das Finanças, Rishi Sunak — pouco depois de se encontrar com Johnson, disse o porta-voz.

O resultado da disputa pela liderança do Partido Conservador para suceder a Johnson será anunciado no dia 5 de Setembro, com sondagens a indicar Truss como a clara favorita.

A nomeação do novo líder em Balmoral dará certeza à agenda do novo primeiro-ministro e evitará mudanças de última hora no caso de a rainha sentir dificuldades de mobilidade, disse uma fonte do Palácio.

Isabel II, que já deu posse a 14 primeiros-ministros ao longo do seu reinado, teve de reduzir as suas aparições públicas nos últimos meses e também passou uma noite no hospital em Outubro passado por uma doença não especificada.

“Iremos certamente assegurar de que os preparativos para a passagem [de mandato] se encaixem totalmente à sua volta e no que a rainha desejar”, disse Johnson à Sky News.

A monarca britânica, como Chefe de Estado, dá posse tradicionalmente ao novo primeiro-ministro após uma audiência no Palácio de Buckingham, parte do espectáculo do dia, quando as câmaras de televisão e os helicópteros seguem os carros oficiais que entram nos terrenos do palácio.

Todos os líderes britânicos foram nomeados no Palácio de Buckingham desde o reinado da rainha Vitória, excepto numa ocasião, disse a BBC, citando o perito constitucional Vernon Bogdanor.

Em Junho, a rainha apareceu na varanda do Palácio de Buckingham ao lado da sua família para acenar às multidões de aplausos numa celebração que marcou os seus 70 anos de quebra de recordes no trono britânico. Mas, nos Jogos da Commonwealth, em Birmingham, no mês passado, foi o seu filho e herdeiro, o príncipe Carlos, que proferiu um discurso em seu nome.

As limitações físicas de Isabel II têm sido um motivo para que muitos esperem por uma abdicação, algo há uns tempos “impensável”, como descreveu a especialista em assuntos da família real britânica, Daniella Elser. É que, defende Elser, “uma coroação suave e cheia de alegria para o rei Carlos III, uma coroação com a sua mãe radiante lançando um olhar orgulhoso sobre os procedimentos, seria muito diferente de uma coroação manchada pela tristeza da sua morte”.